Resumo: O potencial
investigativo do documentário audiovisual, como produtor e divulgador
de conhecimento sobre a Realidade, tem sido questionado pela concepção
deconstrutivista da vanguarda teórica cinematográfica. Uma
nova teoria realista do documentário é desenvolvida, com
o objetivo de restituir e fundamentar aquele potencial, à partir
dos pressupostos da Semiótica de C.S.Peirce, da Teoria do Umwelt
de Jacob von Uexküll e da Teoria da Amostragem de Nyquist, no âmbito
da Teoria Matemática da Informação de Shannon e Weaver.
Este trabalho é um resumo da tese de Doutorado "Documentário,
Realidade e Semiose: os sistemas audiovisuais como fontes de conhecimento",
desenvolvida no Curso de Pós-Graduação em Comunicação
e Semiótica da PUC/SP.
DESENVOLVIMENTO
A fundamentação teórica do documentário
como fonte de conhecimento a respeito da Realidade, necessita de uma
abordagem que apóie o Realismo e a capacidade dos sistemas audiovisuais
representarem a Realidade. Um Realismo que não pode ser confundido
com o naturalismo ou qualquer outra forma desenvolvida pelo cinema narrativo
ficcional. Trata-se de um Realismo fundamental, epistemológico,
ontológico...
Os sistemas audiovisuais, são aqui considerados em sua totalidade
semiótica, ou seja, enquanto aparatos e enquanto linguagem. E,
por tratarem de fenômenos cinematográficos (registro do
movimento), em um sentido mais amplo, foi buscada na Teoria Cinematográfica,
pontos de vista, que pudessem dar o suporte necessário para o
desenvolvimento dessa fundamentação teórica
Todavia, o que se encontrou, foi uma tendência de se considerar
qualquer tipo de manifestação audiovisual, como uma forma
de manipulação de linguagem exercida pelo autor (ou autores)
do discurso; que sempre mascararia uma possível ligação
com a Realidade.
A origem desse ponto de vista, foi localizado, no próprio desenvolvimento
do pensamento sobre o fenômeno cinematográfico, em sua
relação com a Realidade.
Assim, foi possível encontrar-se, na Teoria Cinematográfica,
a grosso modo, quatro grupamentos de pensamentos que se interagem das
mais diferentes formas: um grupo de teóricos dedicados a um pensamento
Realista (Andrè Bazin e Siegfried Kracauer) ; um grupo de teorizadores
indentificados com uma tradição Formalista (Hugo Munsterberg,
Rudolf Arnhein e Sergei Einsenstein); investigadores dedicados a discutir
o fenômeno de forma mais científica e acadêmica (Jean
Mitry e Christian Metz); e, um outro grupo, voltado a uma crítica
ideológica desenvolvida na década de 60 pelas revistas
francesas Cahiers de Cinema e Cinethique.
De forma genérica as teorias que foram desenvolvidas não
conseguem dar conta das potencialidades investigativas do documentário.
Particularmente, após a criação da Semiologia do
Cinema por Christian Metz, desenvolveu-se uma concepção
nominalista que não contribuiu para o entendimento do cinema
como um signo mediador entre o pensamento e a Realidade. No sentido
filosófico, nominalismo é a tendência em se denominar
a realidade de um universal apenas como um signo mental; ou seja, negando-se
a realidade dos universais.
O encaminhamento da Semiologia do Cinema rumo à psicanálise,
ne década de 70, abriu espaço para uma crítica
da utilização do cinema, como instrumento de dominação.
As revistas francesas Cahiers de Cinema e Cinethique, sob a inspiração
do deconstrutivismo, propagado pela revista literária Tel Quel,
desenvolveram um movimento de crítica ao cinema narrativo, objetivando
encontrar em profundidade os mecanismos de "ilusão de realidade"
presentes no "aparelho de base" (câmera, projetor, sala-escura).
Os autores criticam o Realismo (denominado então de Idealismo),
ao considerar que o mundo não é pleno de sentido, que
o homem não é capaz de capturar o sentido do mundo, e,
que a linguagem só é capaz de expressar valores de quem
a expressa.
Dessa forma, encontrou-se na própria estrutura óptica
da câmara escura, os fundamentos da dominação. A
imagem fotográfica, somente perpetuara as regras da "perspectiva
artificialis" renascentista, que possibilitava, na verdade, não
uma representação do espaço tridimencional, mas
sim, um ponto de vista central, que representava o sujeito burguês,
que se colocava no centro político naquele período. A
perspectiva representava a visada do olho de um sujeito no centro da
representação; monocular, falsa e ilusionista. Um dos
principais autores desse raciocínio, Jean Louis Baudry, afirma,
que este era o principal efeito idelógico de base, resultante,
de uma relação inerente da ideologia burguesa com o código
da perspectiva.
Além disso, ao ser estabelecido uma relação entre
a situação de imobilidade motora, da assistência,
na sala-escura, com a "fase do espelho", descrita por Lacan;
criavam-se as condições para se encontrar os fundamentos
do processo ilusionista, que fundamentaria o cinema como instrumento
de dominação. Como decorrência dessas posições,
tornava-se necessário uma deconstrução desses fundamentos
para que o cinema se evidenciasse, como uma enunciação
de um sujeito enunciador, sem ilusionismos de qualquer espécie,
e, também, como resultado de um processo de trabalho, intelectual
e braçal.
Evidentemente, que estas posições, contribuiram para a
rejeição do documentário, como instrumento de conhecimento
da Realidade. Dentro do sistema de pressupostos deconstrutivistas, não
seria possível, acesso à Realidade, à partir de
uma linguagem carregada de valores, expressos, inclusive no próprio
aparato, e usados para a manipulação dos interesses do
sujeito enunciador.
Após a análise da Teoria Cinematográfica, concluiu-se
que, aquilo que se observa hoje, no campo da reflexão sobre o
fazer documentário, nas universidades brasileiras, ainda é,
uma espécie de eco daquela discussão deconstrutivista,
que efetivamente, muito pouco serviu para esclarecer a potencialidade
epistemológica do documentário.
Dessa forma, torna-se necessário o desenvolvimento de um arcabouço
teórico que dê conta, por um lado, da crítica ao
deconstrutivismo e por outro reafirme a capacidade realista de investigação
do mundo através do documentário. Em relação
à ficção, ela deve ser considerada como algo diferenciado
do documentário, um terreno a parte, mas mesmo assim, é
também possível afirmar-se que ela permite acesso a pelo
menos um dos aspectos da realidade.
Parece que, após o deconstrutivismo marxista francês, na
década de 60/70 ("Cahiers de Cinéma" e "Cinèthique"),
ter derrubado o Realismo de sua posição revitalizada pelo
Neorealismo Italiano; até hoje não foi produzido um arcabouço
na Teoria do Cinema que pudesse dar conta da capacidade inegável
que o documentário tem de observar, registrar, representar e
ser fonte de conhecimento sobre a realidade. Evidentemente que estamos
nos referindo a documentários feitos por gente honesta e metodologicamente
séria; e portanto, qualquer crítica à capacidade
de representar a realidade através do documentário, deveria
referir-se muito mais a questões de ordem ética e metodológica,
do que um assunto a ser resolvido com a negação do Realismo.
Para esclarecer o ponto de vista Realista sobre o Documentário,
são necessarias quatro definições conceituais:
1) O que se deve entender por Realidade?
Encontramos em Charles Sanders Peirce (o pai da Semiótica Americana)
uma definição de realidade que nos dá condições
de repensar essa questão da representação em consonância
com os magníficos avanços da ciência e da tecnologia.
Peirce criou uma Teoria da Realidade que se mostra adequada para a reflexão
sobre a relação entre Documentário e Realidade,
e que supera a polêmica entre o Idealismo e o Realismo.
Para ele a Realidade é composta por três categorias denominadas:
Primeiridade ( a potencialidade criativa que fundamenta a origem de
tudo no universo), Segundidade ( a existência das coisas propriamente
ditas; que é quando as coisas se defrontam umas com as outras,
e experimentam a oposição, a alteridade; a consciência
psicológica do Outro resulta de uma oposição existencial
ao Eu...) e a Terceiridade ( o conjunto das leis que regem o universo
de forma inequívoca e que a ciência se esforça para
compreender e do qual tem conseguido elaborar um bom mapeamento). A
Primeiridade e a Terceiridade compõe juntas uma Generalidade
Eidética; aquela parte da Realidade formada apenas por idéias,
não na mente humana; mas em uma "mente do universo".
A concepção peirceana de realidade pode ser classificada
como um Idealismo Objetivo, pois supera as limitações
do Idealismo e avança os limites do Realismo Materialista.
Como é possível de se perceber, a Arte (pelo menos seu
aspecto ficcional) parece estar mais propensa a captar os aspectos da
Primeiridade da Realidade, enquanto que a Ciência é mais
propensa a descobrir os aspectos da Terceiridade da Realidade. É
importante perceber que foi utilizada a palavra "descobrir"
e não "criar". Isto quer dizer que, de acordo com Peirce
a ciência explica a realidade porque consegue conhecê-la,
e não porque "inventa uma explicação".
Podemos portanto admitir uma Realidade Cognoscível, tanto ao
nível da Existência concreta das coisas (Segundidade),
como ao nível da Generalidade Eidética (Primeiridade e
Terceiridade).
Assim, a Realidade é muito mais do que apenas a Existência
das coisas concretas. A idéia mais comum que temos sobre o que
é a realidade, está contida no conceito de Segundidade
(Existência), que para Peirce trata-se somente de um dos aspectos
da Realidade, e não da totalidade dela como nós pensamos.
As consequências desta Teoria da Realidade (ou Metafísica)
de Peirce, para a teoria das artes e da ciência são consideráveis.
Haveria ainda muito mais a se escrever sobre essa teoria, principalmente
sobre a relação que se pode estabelecer entre esta concepção
de Realidade e a Teoria dos Signos ou Semiótica, que também
foi desenvolvida por esse filósofo americano... Mas antes vamos
ao segundo conceito...
2) Como ter acesso à realidade?
Um fisiologista austríaco chamado Jacob von Uexküll, em
1945, preocupado em conhecer como os seres vivos representavam a Realidade,
descobriu um conceito denominado Umwelt, que pode ser traduzido como
sendo um Universo Subjetivo dos animais.
O Umwelt é uma espécie de mapeamento da realidade que
a Natureza, durante o processo evolutivo, permitiu ao ser vivo construir
interiormente. Em termos práticos, significa pensar em como uma
minhoca, ou uma abelha, ou um jacaré representa a realidade em
seu ser. E a idéia vai muito mais longe quando pensamos no homem.
Nós também representamos a Realidade em nosso Umwelt.
O Umwelt de um Astrônomo deve ser bem diferente do Umwelt de um
Microbiologista, ou ainda de um Monge Budista. Mas todos esses Umwelten
tem pontos em comum, e todos eles apresentam-se adequados para a sobrevivência
da espécie. Há uma certa influência da Fenomenologia
Kantiana nas idéias de Uexküll.
Mas, isso não quer dizer que a realidade seja incompreensível,
muito pelo contrário, o mapeamento permitido pela Natureza tem
que ser extremamente coerente com a Realidade, às custas da própria
sobrevivência do ser vivo. Além disso, podemos afirmar
que o Umwelt humano, aquele que começou a se formar quando nossos
ancestrais ganharam as savanas como habitat, se dilatou consideravelmente,
englobando aspectos da Realidade que não pertenciam ao Umwelt
original. Podemos falar então de uma Dilatação
do Umwelt para a espécie humana, como uma adaptação
evolutiva.
A própria imagem figurativa, ou mesmo a abstrata podem estar
representando uma forma de expressão e de desenvolvimento dessa
Dilatação do Umwelt. Consideremos que a descoberta das
regras da Perspectiva Central, para a representação do
espaço tridimensional em um espaço bidimensional (a tela),
permitiu uma troca, entre populações, de uma percepção
mais eficiente de muitos outros espaços reais, que não
eram conhecidos, e que puderam ser acessados através de suas
representações em quadros e desenhos.
Observemos aqui, que está sendo defendido um ponto de vista evolutivo
em relação à descoberta da perspectiva; bem diferente
do ponto de vista ideológico defendido pelos deconstrutivistas
marxistas e seus divulgadores.
Os sistemas audiovisuais, como o cinema e a televisão, e também
as "novas mídias", propiciam a continuidade da Dilatação
do Umwelt. Da mesma forma, os aparelhos científicos, o método
da Ciência e sua divulgação, também desempenham
esse papel. De outro lado, a Arte faz o mesmo, quando capta toda a potencialidade
criativa da realidade e a transmite para as pessoas. A Dilatação
do Umwelt é condição necessária à
sobrevivência da espécie e à administração
de seu ambiente transformado em habitat; enfim, sobrevivência
do próprio planeta Terra, um verdadeiro ser vivo, como vem demonstrando
James Lovelock com o desenvolvimento da Hipótese Gaia.
3) Filhos do Cosmos, Irmãos das Estrelas, Reflexos das Leis
do Universo... Ou: Somos todos filhos de Deus!
Como biólogo não posso deixar de ser um evolucionista
convícto, porém creio que não só espécies
biológicas evoluem mas também todo o universo. Evolução
é transformação e aumento de complexidade, de organização
sistêmica.
Assim, em decorrência desta concepção, não
creio seja uma boa postura metodológica dicotomizarmos o mundo
antrópico em dois níveis: o natural e o artificial.
O mundo dito "artificialmente humano", foi construido por
um cérebro/mente que surge como resultado da evolução
primata, que até onde sabemos é muito mais, um intrincado
processo co-evolutivo de orgãos, comportamentos e ferramentas,
que culmina em uma situação, em que, aquilo que chamamos
de cultura (artificial?), contém uma grande parte das informações
que permitem à espécie Homo sapiens sapiens sobreviver.
Sabemos que o cérebro, a postura ereta, as mãos, a vida
social, a linguagem e a tecnologia humanas, evoluiram interdependentemente.
Biologia e Cultura estão evolutivamente associadas.
Se o desenvolvimento da vida cultural humana é resultado de um
processo natural, porque em um determinado momento ela deveria ser considerada
artificial ? O que se deveria pensar, isto sim, é de que forma,
as "estratégias culturais" de sobrevivência,
são coerentes com as necessidades de sobrevivência do agrupamento
humano portador daquela cultura. Se houver coerência significativa
para a sobrevivência desse grupo humano, então esse "Umwelt
Cultural" faz parte das adaptações evolutivas necessárias
para a permanência da espécie, e mais, ele está
sintonizado com a Realidade. Aliás, Cultura não é
exclusividade da espécie humana, há transmissão
cultural em outras espécies, considere-se como fatos inegáveis,
o caso dos primatas e dos cetáceos.
Mas, o mais importante é que tudo o que é resultado de
um processo evolutivo é regido por Leis que também regem
o Universo. Argumenta-se que, no fundamental, não deve existir
nada que já não estivesse presente de alguma forma, na
Realidade; mesmo que ocorresse somente como um potencial na Generalidade
Eidética. Dessa forma a idéia de uma mente inteligente
não seria uma novidade no universo, tampouco exclusividade da
espécie humana, mas algo pertencente à própria
estrutura do universo. Não se trata de Antropomorfismo mas sim,
de Cosmomorfismo. Este aspecto encontra certa sintonia com os exemplos
de convergência adaptativa que ocorre em biologia. Como é
o caso da morfologia hidrodinâmica do tubarão (um peixe
cartilaginoso) que apareceu novamente, milhões de anos depois,
na morfologia do golfinho (um mamífero aquático com origem
terrestre). Ou ainda o caso das asas dos pássaros e das asas
de morcegos... Parece que há uma estrutura no universo que se
expressa repetitivamente, exatamente porque o molde continua o mesmo.
Isto coloca uma questão importante para se entender a linguagem.
Sabemos que linguagem não é exclusividade do homem; há
comunicação com uma linguagem regular em abelhas, macacos,
cetáceos, dentre outros seres. Afirma-se que é possível,
através de cálculos matemáticos, observar-se uma
certa regularidade dos sinais eletromagnéticos emitidos por estrelas,
como uma espécie de uma proto-gramática, presente nos
próprios fenômenos físicos, como foi demonstrado
pelo Prof. Dr. Jorge de Albuquerque Vieira, pesquisador do Observatório
de Valongo da UFRJ e do Curso de Pós-Graduação
em Comunicação e Semiótica da PUC-SP (Vieira, 1994).
Consideremos, por hipótese, a estrutura dramática de alguma
história ficional, é possível que, por mais "artificial"
que ela seja, provavelmente poderão ser encontradas na natureza,
estruturas dramáticas semelhantes a ela. O que se pode dizer,
por exemplo, de uma ave como o Chopim que bota seus ovos no ninho do
Tico-tico, usurpando o direito à vida dos próprios filhos
do Tico; parece uma daquelas histórias de usurpação
de trono,ou de trocas de bebês, ouvidas em muitas histórias
ficcionais. Ora, se até mesmo ao nível de estruturas dramáticas
encontramos reflexos na natureza, porque deveríamos considerar
que a linguagem audiovisual seja uma excessão no processo co-evolutivo
do próprio planeta ? A co-evolução é uma
processo de evolucão interdependente, entre dois ou mais seres.
4) Como os sistemas audiovisuais relacionam-se com a realidade?
Marshal McLuhan afirmou em 1964, que os meios de comunicação
são extensões do corpo humano; hoje com o computador chegando
nas casas das pessoas podemos dizer que o próprio cérebro
ganhou uma expansão, e ela tem interagido no processo co-evolutivo
da espécie humana. A Profa. Dra. Lúcia Santaella da PUC-SP
(Santaella, 1996), chega a afirmar que está se desenvolvendo
uma nova humanidade, pois o próprio computador está se
humanizando...Além disso, com a Internet, temos um verdadeiro
cérebro (uma rede de conexões) em escala planetária,
permitindo uma consciência da universalidade de nosso ser. Podemos
até mesmo passar a considerar que Gaia, o planeta Terra Vivo,
ganhou consciência.
À partir dessas idéias, podemos considerar que os sistemas
audiovisuais são como próteses do corpo humano, que num
primeiro momento são usadas para registrar/conhecer o ambiente,
o comportamento, as vicissitudes da sociedade humana. E, num momento
posterior a esses registros, transmitir esse conhecimento adquirido
para outras pessoas, num processo de Compartilhamento da Consciência.
É importante observar que esse compartilhamento, era uma necessidade
adaptativa quando nossos ancestrais viviam uma vida caçadora-coletora
nas savanas africanas e precisavam contar uns aos outros o que tinham
encontrado em um dia de busca de alimento. O Compartilhamento da Consciência
permitia a Dilatação do Umwelt na medida em que todos
os membros da comunidade trocavam informações, sensações,
emoções e cada um podia "ver" o que o outro
tinha visto e sentido.
O processo audiovisual de registro/montagem/exibição faz
parte de um processamento das informações, sensações
e emoções captadas/sentidas na Realidade, de tal forma
que, ao completar o ciclo, é possível, ampliar os horizontes
de nosso Umwelt e compartilha-lo com os outros membros de nossa espécie.
Isso nós já faziamos, mesmo sem as próteses audiovisuais,
agora, com as próteses, esse processo foi amplificado.
Poderia ser feita uma crítica de que o processamento audiovisual
não permite o acesso à realidade, porque nesse processo
há seleção de recortes da realidade. Bem, parece
que depois que Heisenberg descobriu o Princípio da Incerteza
para a física atômica, ninguém imagina mais que
seja possível acessar-se a realidade apenas por um único
ponto de vista. Ou seja, a escolha, a seleção, faz parte
do processo de acesso à realidade. Por exemplo: para se observar
um tecido biológico no microscópio, é necessário
alterar-se sua coloração para exatamente revelar-se as
estruturas invisíveis ao olho. Há muita semelhança
entre essa ação revelatória, e o que o Fisiologista
francês Etienne Jules Marey fez, no século passado, ao
desenvolver sua Cronofotografia, e mostrar os segredos do movimento
dos animais, invisíveis aos olhos nús, influenciando a
arte moderna, a tecnologia e a própria invenção
do cinematógrafo pelos irmãos Lumière.
Cabe aqui uma consideração sobre a Semiótica de
Charles Sanders Peirce. Para ele o conceito de Signo pode ser expresso
como sendo "tudo aquilo que está para alguém em lugar
de algo" (Nöth, 1990); e nos faz lembrar que o próprio
discurso audiovisual é um signo.
A versão mais popularizada da Semiótica peirceana, é
a classificação dos signos em: índices, ícones
e símbolos. Embora esta seja uma simplificação
da classificação original, que possui 10 tipos de signos,
vamos considerá-la para continuarmos a defesa de um Novo Realismo
Documentário.
O signo do tipo Índice é aquele signo cujo significado
é construido através de um vínculo físico
entre o signo e aquele algo da realidade que o signo ocupa o lugar.
Imagens fotográficas, cinematográficas e videográficas
(analógicas ou digitais); registros de sinais de audio (analógicos
ou digitais), enquadram-se nessa categoria. Há portanto um vículo
estreito entre esses signos e a realidade, um vínculo físico;
eles são Índices da Realidade porque indicam algo sobre
a Realidade.
Consideremos também o conceito de Semiose, que de acôrdo
com Peirce refere-se "à ação de praticamente
qualquer espécie de signos" (Nöth, 1990) . A semiose
é o processo através do qual o signo coloca-se na interface
entre a Realidade e o Umwelt. É o processo de fluxo de informações
entre a "mente do universo" e a nossa mente. Devemos porém
lembrar, que a Semiose é um processo que não pertence
exclusivamente à esfera humana. Existe semiose entre os vegetais,
entre os animais, entre elementos químicos, entre planetas, entre
galáxias... E, provavelmente, é um caminho de mão
dupla!
Mas voltemos aos sistemas audiovisuais. Tanto o discurso audiovisual
ficcional, quanto o documentário são signos imersos em
uma semiose; de um lado a Realidade com sua Generalidade Eidética
(Primeiridade e Terceiridade) e sua Existência Concreta (Segundidade);
de outro, a mente humana. O que esta concepção realista
propõe, é que o documentário e a ficção
são dois tipos diferentes de discursos sobre a Realidade ; discursos
diferenciados quanto à origem heurística de cada um; ou
seja, diferenciados quanto à categoria da realidade da qual surgem,
e quanto aos métodos próprios da produção
de cada um dos discursos.
A concepção de Realismo aqui apresentada, aponta portanto,
que Ficção e Documentário são duas coisas
diferentes, muito embora, não estejam totalmente isoladas uma
do outra. É possível observarmos uma certa gradação,
que caminha do puro documentário, até a pura ficção,
com muitas tipologias intermediárias entre esses dois extremos.
O que deve ser esclarecido, é que mesmo sendo discursos diferentes
sobre a realidade, ambos os tipos de discursos, utilizam a linguagem
e as próteses audiovisuais. A Literatura usa a Linguagem Verbal
da mesma forma que a Ciência também usa e nem por isso
Ciência e Literatura são consideradas a mesma coisa. Se
o discurso científico não é considerado ficcional,
apesar de usar a mesma linguagem verbal da literatura, por que o documentário
haveria de ser considerado um tipo de ficção?
Creio ser melhor pensarmos do seguinte modo: ambos revelam aspectos
diferentes da Realidade e tem para isso métodos diferentes de
abordá-la. A arte, por um lado, revela a Absoluta Potencialidade
Criativa do Universo (Primeiridade) enquanto que a Ciência nos
desvela as Leis Fundamentais de Funcionamento do Universo (Terceiridade).
Ambas são fontes de conhecimento. E, ambas são regidas
por critérios de Coerência. Aliás, coerência
parece ser um parâmetro fundamental para compreendermos o conceito
de "verdade".
O filme ficcional parte dessa Generalidade Eidética Primeira,
dessa potencialidade criativa da mente do universo, para depois chegar
até à Existência, à Alteridade, à
Segunda Categoria da Realidade, concretizado na projeção
do discurso em uma tela (seja de TV ou de cinema). Já o filme
documentário parte da Existência concreta e tentar encontrar
a regularidade dos fenômenos, que caracteriza a categoria real
da Terceiridade,onde encontramos o conjunto das Leis, dos Hábitos
Inveterados que a regem, e que também evoluem...
O que interessa particularmente no caso desta Teoria Realista do Documentário,
é a capacidade do documentário ser um instrumento para
o conhecimento da Realidade. Essa Realidade é reconstruida no
processamento audiovisual, à partir dos dados concretamente existentes,
até chegar em sua finalidade última: permitir a Dilatação
do Umwelt humano. Para essa finalidade os diferentes pontos de vista
sobre a Realidade precisam ser organizados sob o critério da
Coerência. Não poderia ser diferente, pois é assim
que tem funcionado desde nossa origem primata. O documentário
contribui para o conhecimento da Realidade, principalmente por abordar
a Realidade através da Existência Concreta das coisas no
mundo.
Os satélites de sensoriamento remoto "olham" a superfície
do planeta através de muitas frequências do espectro eletromagnético,
construindo imagens diferentes de uma mesma superfície; o astrônomo
capta as ondas solares, com diferentes filtros, para compor uma imagem
totalizante do sol; o biólogo analisa um único tipo de
tecido usando muitos tipos diferentes de corantes para poder vê-lo
integralmente. O que se observa é que o conceito a respeito da
Realidade é sempre reconstruido à partir de muitos pontos
de vista, mesmo com todo o aparato tecnológico à disposição
da Ciência. Não poderia ser diferente com as próteses
audiovisuais.
Contra-argumentação ao Nominalismo-Deconstrutivista-Ilusionista.
Com este paradigma teórico, deve ser desenvolvida uma crítica
à posição dos autores que defendem o nominalismo-deconstrutivista.
Esse grupo de pensadores iniciaram seu ataque ao Realismo à partir
do questionamento do papel revelatório da perspectiva central,
desenvolvida no Quatrocento. Para esses pensadores, a perspectiva central
provoca uma ilusão espacial que estaria na verdade promovendo
o ponto de vista de uma burguesia centralizadora, nascente naquele período;
a câmara escura só teria perpetuado esse olhar ideológico
da burguesia sobre o mundo, por isso a ordem anti-ilusionista, foi deconstruir
a imagem figurativa do cinema e da fotografia.
Com o advento e disseminação dos sistemas eletrônicos
de imagem (Electronic News Gattering), foi levantado já nas décadas
70/80, um questionamento frente à capacidade do vídeo
representar a Realidade, em função da fugacidade eletrônica
e luminosa da imagem no cinescópio. Como o sistema de formação
da imagem eletrônica, funciona através de uma varredura
de um feixe de elétrons que se move rapidamente sobre uma tela,
a imagem não estaria verdadeiramente ali, tratar-se-ia evidentemente
de mais uma ilusão.
Mas, neste caso, o próprio sistema já estaria contribuindo
para a deconstrução, pois não se poderia mais,
inocentemente, considerar esse tipo de imagem como representação
do espaço, por causa da introdução do aspecto temporal
da varredura.
Por fim, como se esses autores já não houvessem se convencido
de que a imagem eletrônica, verdadeiramente, não passa
de uma ilusão, de um mimetismo de um mero espelho, tratou-se,
na década de 90, de juntar forças com um ataque frontal
aos sistemas eletrônicos digitais. De acordo com eles, agora,
não há mais como negar o ilusionismo, pois aquela imagem
eletrônica, que antes, já era feixe de elétrons
fugidíos, transformara-se agora, apenas em números, que
podiam ser manipulados, e, portanto, definitivamente teriam perdido
qualquer contato com os objetos, que inocentemente, ainda acreditava-se
pudessem representar, jogando por terra, definitivamente a capacidade
de revelação do mundo pelos sistemas audiovisuais.
Mas vamos, ponto-a-ponto, à contra-argumentação,
para a defesa do Realismo.
1) A Questão da Perspectiva Central
A Perspectiva Central deve ser entendida como um Sistema de Representação
do Espaço Tri-dimencional do Umwelt Humano em um Espaço
Bi-dimensional extra corpóreo. De acordo com o paradigma apresentado,
trata-se de uma forma de exteriorizacão de uma representação
espacial incorporada pelo Umwelt. Ela é coerente com a percepção
espacial humana, e, contribui, até hoje, para a Dilatação
do Umwelt, permitindo, de várias formas, desde sua descoberta,
o Compartilhamento de uma Consciência Espacial.
Quanto à descoberta das Regras da Perspectiva, devemos lembrar
que sua origem esteve ligada ao espaço arquitetônico. Um
espaço existente, e resultante de uma intervenção
ambiental da espécie, para sua sobrevivência. Além
disso, a própria percepção de distância decorre
de um desenvolvimento do aparato sensorial (cérebro + olho) que
associa a idéia de diminuição de tamanho ao aumento
da distância. Outro componente da regra da perspectiva, a deformação
dos objetos, é também compatível com as deformações
percebidas pelo próprios olhos em sua função estereoscópica,
essas informações são analisadas e organizadas
no cérebro, como signos de tridimensionalidade.
Podemos afirmar, que a representação tridimensional proporcionada
pela perspectiva, é precisamente coerente com a representação
espacial desenvolvida no Umwelt da espécie humana. Isto não
quer dizer, que a verdadeira Realidade, daquilo que o Umwelt percebe
como espaço; ou que a forma como a perspectiva representa o espaço,
seja exatamente a forma como ele ocorre na Realidade. O que importa,
é que essa representação é coerente, e permite
a sobrevivência da espécie. Evidentemente que o Umwelt
está se expandindo para outras representações do
espaço; podemos considerar até mesmo o Modelo de Espaço-Tempo
de Minkowski, na relatividade especial de Einstein, como uma aproximação
à Realidade do espaço verdadeiro ; pode ser possível,
até mesmo, que algumas intervenções artísticas
em video-arte nos aproximem dessa representação (como
em Bill Viola ou Zbignew Rybczinski); isto não tira a capacidade
revelatória da imagem eletrônica... muito pelo contrário,
aprofunda-a!
2) A Questão da Pretendida Ilusão da Imagem Eletrônica
A fugacidade temporal da imagem eletrônica, obtida com uma varredura
de elétrons sobre uma tela fosforescente, deve ser entendida
como a restituição sintética, de um processo de
amostragem de zonas de iluminação e sombras, de uma imagem
real e invertida, que se formou sobre um sensor foto-elétrico,
situado no fundo de uma câmara escura. A realidade da imagem,
no fundo da câmara escura, tem sua comprovação através
das leis ópticas que regem a transmissão da luz, através
de pequenos orifícios e através de sistemas de lentes.
Tanto a imagem formada sobre uma película fotográfica
ou cinematográfica, como uma imagem formada em uma tela de um
cinescópio, a partir de um sinal elétrico produzido por
um sensor foto-eletrico (CCD); são consequências de um
processo bastante conhecido matematicamente, e descrito à exaustão
pela Teoria da Amostragem de Nyquist e Shannon, no âmbito da Teoria
Matemática da Informação de Shannon.
De acordo com a Teoria da Amostragem, é possível recuperar-se
um sinal (um índice da Realidade) à partir da coleção
de um determinado número mínimo de amostras desse sinal.
A teoria afirma que um dado sinal, com componentes de uma determinada
faixa de frequências, é possível ser reconstituido
utilizando-se uma frequência de amostragem, que tenha o valor
do dobro da máxima frequência, da faixa contida no sinal.
Devemos considerar que um sinal é composto por uma série
de ondas senoidais conhecidas por Harmônicos, como nos demonstra
matematicamente a Transformação de Fourier.
O próprio aparato sensorial biológico de qualquer ser,
compõe seu Umwelt à partir de processos de amostragem.
Novamente, o que importa, é a coerência da representação
final, e sua capacidade de previsão dos acontecimentos no mundo
real, desencadeadores de comportamentos que garantam a sobrevivência.
3) A Questão da Pretendida Manipulação da Imagem
Eletrônica Digital
Os sistemas audiovisuais eletrônicos digitais, devem ser entendidos
como transdutores, capazes de transportar as informações
contidas em infinitas variações energéticas contínuas,
de um sinal original (analógico), através de um processo
de codificação discreta (não-contínua),
baseado na Álgebra Booleana (para operações com
números binários), e concretizado, em diferenças
de potenciais elétricos que geram correntes eletricas em circuitos
eletrônicos lógicos.
Os sistemas audiovisuais digitais, são fundamentados pela Lógica
(ou Álgebra) desenvolvida por George Boole em 1854. A Lógica
de Boole representa a possibilidade de execução de expressões
lógicas (afirmações), utilizando-se apenas variáveis
discretas (números binários). A operacionalizacão
dessas expressões lógicas se dá em Circuitos Eletrônicos
Lógicos, cujo contato físico entre os circuitos elétricos,
garantem o fluxo informacional entre o sinal original analógico,
sua transformação numérica binária, e sua
restituição ao final do processo.
A principal transformação
na entrada do sistema digital é a conversão analógico-digital,
que, é, também, um processo de amostragem. Amostra-se
o sinal no tempo, com um circuito conhecido como "Amostrador e
Retentor de Voltagem" que colhe os valores de Voltagem do sinal
analógico a uma taxa fixa de amostragem ( frequência de
amostragem). Quantifica-se o valor da amplitude do sinal analógico,
amostrado pelo "Circuito Amostrador e Retentor de Voltagem",
na forma de números binários (palavras numéricas
binárias) que representam os valores de voltagem observados na
amostra. Este processo é desenvolvido, através de um circuito
conhecido como "Conversor Analógico/Digital", que através
de diferentes métodos (Método da Aproximação
Sucessiva, Método de Integração de Decaimento Duplo,
etc ), produz na saída uma sequencia temporal de números
binários em sua materialidade física eletrônica.
Uma corrente elétrica com uma série de pulsos, com apenas
duas possibilidades de valores de amplitude (0 e 1), representa uma
sequência temporal de palavras binárias, que representam
os valores da amplitude do sinal analógico, em uma determinada
frequência de amostragem. A reconstituição do sinal
analógico à partir de um sinal digital, segue procedimentos
semelhantes, porém no sentido inverso (Conversor Digital/Analógico).
Assim, através do contato físico eletrônico, é
mantida a relação indicial dos sinais; o processamento
Lógico garante a coerência na saída do sistema com
as informações contidas na entrada; e novamente a Teoria
da Amostragem demonstra-se adequada aos sistemas físicos.
Considerando o Pragmatismo Peirceano, podemos dizer que a existência
concreta de uma lógica na materialidade física, permite
concluirmos sobre a ocorrência de uma Lógica no Universo,
que fundamenta eideticamente a existência de um sistema físico
material de representação numérico binário
da Realidade (Lógica Objetiva Peirceana).
Ou seja, mesmo após o processo de crítica ao nominalismo-deconstrutivista-ilusionista,
feito através de uma análise lógico-matemática
dos sistemas audiovisuais eletrônicos digitais, encontramo-nos
novamente com a Metafísica Peirceana; isto demonstra que este
Paradigma é coerente para o desenvolvimento de um Realismo Documentarista.
O fruto do paradigma é de boa qualidade, o que atesta sobre a
qualidade da própria árvore.
Os problemas percebidos no processo de produção audiovisual,
que poderiam ser utilizados como crítica à possibilidade
de conhecimento da realidade, em função de possíveis
"manipulações de linguagem", "seleções
de pontos de vista", "escolhas ideologicamente direcionadas",
etc; deverão ser analisados utilizando-se conceitos de ordem
Ética, Epistemológica ou até mesmo Econômica.
Mas, nunca mais, como uma indicação da inexistência
de uma Ontologia do Documentário, e de sua capacidade de representação
Realista da Realidade.
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