JORIS IVENS
(Nijmegen - Holanda 18/11/1898
Paris - França - 28/06/1989
)



Realiza 43 documentários desde 1910 até 1988 quando filma "A HISTÓRIA DO VENTO".

Com sólida formação estética e cultural, desde jovem vincula-se aos movimentos de esquerda e percorre inúmeros países realizando documentários impregnados de uma visão poética do homem, sua força de trabalho e seus compromissos com a justiça social.

França, União Soviética, China, Vietnã, Cuba, Alemanha, Espanha, Estados Unidos, Holanda - sua terra natal - e tantos países quantos estivessem em luta pela liberdade, interessaram ao cineasta.
Além de diretor exerceu também as funções de roteirista, produtor, fotógrafo, editor e ator.

Em 1930 realizou ZUIDERZEE, filme mudo sobre a construção de um dique. Levou o filme a Moscou e ouviu a avaliação crítica de sua obra pelos trabalhadores do metrô russo. Sob o impacto desses debates começou a rever suas posturas estéticas de formação burguesa, mais voltadas para luzes e formas do que para o real movimento dos homens trabalhando.

" Escola documentarista é a realidade, é a viva prática social dos homens que intervém para formá-la e transformá-la. A experiência não deriva de uma mera contemplação, mas da participação ativa da vida e do processo material de produção.
Essa visão realista é a melhor. Não podia filmar de um modo real e satisfatório o transportador de pedras se antes não conhecesse o esforço, o cansaço e o peso de seu trabalho.
"

Voltando à Holanda retomou as filmagens da construção do dique, agora em uma nova etapa, e completou a documentação desse gigantesco esforço com a produção de A NOVA TERRA, finalizado em 1934.
O início do filme tem um discurso pacifista, espécie de manifesto contra a crescente tensão de guerra na Europa. A última parte realizada por Ivens não está disponível na cópia, pois era uma denúncia marcante sobre a exploração capitalista, a fome e a injustiça social que dominavam a Europa. A força dessas imagens e a agitação que causavam provocou a irritação dos governos de alguns países como a França, que terminaram por censurar o filme.

As filmagens foram realizadas com três unidades de gravação: a câmera da terra lutando contra o mar; a câmera do mar lutando contra a invasão da terra; a câmera que registrou os homens e suas máquinas. Esse sistema de rodagem forneceu três temas dramáticos e o conflito de seus antagonismos ficou sublinhado pela força da música de Hanns Eisler.
A versão de que dispomos hoje, do filme, termina com a primeira semeadura de grãos sobre a terra conquistada ao mar.

Ivens esteve no Brasil algumas vezes e tinha grandes amigos brasileiros.
Alguns documentaristas brasileiros reconhecem terem uma grande influência de suas obras e de seu estilo de abordar a realidade, entre eles Geraldo Sarno, que chegou a trabalhar com Ivens em produções na Europa.
Do mesmo modo Ivens exerceu grande influência sobre os documentaristas latinoamericanos, sobretudo aqueles ligados ao Novo Cinema Latinoamericano, que se inicia com a Escola de Documentário de Santa Fé - Argentina, fundada por Fernando Birri em 1958.

A convivência de Joris Ivens com a cinematografia latinoamericana deu-se sobretudo através de sua ligação com o cinema cubano e suas realizações em Cuba e no Chile na década de 60.


Filmografia principal de Joris Ivens


Holanda
1911 - De wigwam
1928 - A ponte
1929 - REGEN - A chuva - filme que o projeta como realizador. Hoje um clássico
1930 - ZUIDERZEE - outro clássico
URSS
1932 - Komsonol - Canção épica
Bélgica -
1933 - Borinage - sobre uma greve de mineiros de carvão
Holanda -
1933/34 - A NOVA TERRA - continuação de Zuiderzee

Espanha/ EUA

1937 - Terra Espanhola - Spanish Earth - sobre a guerra civil espanhola
...

Na década de 40 realiza vários filmes nos EUA, sobre temas mundiais. Filma ainda no Canadá - com John Grierson, no Japão, na Austrália, na China e nos países que formaram o bloco socialista.

França
1957 - O Sena reencontra Paris - com influência do "cine-olho" de Vertov, hoje é um clássico, com roteiro de G. Sadoul, baseado num poema de Jacques Prévert. Ganhou a Palma de Ouro em Cannes.

Cuba
1960/61 - Carnê de viagem.
Povo armado

Chile

1964 - O trem da vitória

Vietnã

1967 - Longe do Vietnã - um clássico realizado junto com Alan Resnais, Jean-Luc Godard, W. Klein, Claude Lelouch e Agnes Varda.
...
1986/88 - A HISTÓRIA DO VENTO - seu último filme, em que faz o papel de um homem muito velho que procura o lugar onde o vento se origina. Filmado em vários países.


Filmografia, bibliografia e referências completas podem ser encontradas no site da Joris Ivens Foundation


* Biofilmografia desenvolvida pela Profa. Dra. Marília Franco para a disciplina DOCUMENTÁRIO ministrada na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

** As biofilmografias podem ser constantemente atualizadas pelos visitantes com indicações de pesquisa, publicações, sites e textos publicados sobre o autor enfocado.