Destaca-se como atriz nos anos 1920, vinda da dança, atuando
especialmente em filmes sobre a natureza, um gênero extremamente
popular no período, onde se glorificavam o vigor físico
na prática do montanhismo e a beleza do corpo e da natureza,
símbolos intensamente apropriados pelo ideário nazista
na promoção do nacionalismo.
Em
1932, passa à direção filmando "A Luz Azul",
a partir de roteiro feito em conjunto com Bela Balázs. O sucesso
do filme abre à jovem Leni Riefenstahl, linda e glamourosa, o
caminho para o estrelato.
Em
1934, convidada por seu admirador Adolf Hitler, ela prepara e dirige
"O Triunfo da Vontade" (Triumph des willens), um monumental
documentário sobre o monumental Congresso do Partido Nazista
realizado em Nuremberg. O filme acabou se tornando um símbolo
do III Reich. A partir daí, o nome de Leni associou-se para sempre
ao Partido Nazista.
Em
1936 Leni Riefenstahl roda novo documentário para o III Reich,
desta vez sobre as Olimpíadas de Berlim, nas quais Hitler pretendia
que fosse demonstrada a superioridade da raça ariana. Toda a
preparação do filme foi desenhada para sublinhar esse
objetivo e todos os recursos técnicos foram oferecidos para registrar
a beleza e o vigor do corpo humano. Na preparação das
filmagens esteve presente Walter Ruttmann, que havia realizado o documentário
"Berlim, sinfonia de uma cidade".
A vitória
do negro norte-americano Jack Owens, nas Olimpíadas, perturbou
a apresentação da "tese" de Hitler, mas não
diminuiu a beleza e a competência do trabalho de Leni Riefenstahl.
A guerra
afasta Leni das atividades cinematográficas. Em 1945, considerada
participante do regime nazista, é presa. Acaba libertada em 1948,
pois nunca foi possível provar que tenha exercido atividades
políticas. No entanto ficou marcada por sua colaboração
cinematográfica com o nazismo.
Leni
Riefenstahl foi uma vítima de sua extraordinária competência
artística. Sua beleza e seus múltiplos talentos (bailarina,
atriz, diretora e fotógrafa) não foram suficientes para
reduzir as marcas de sua colaboração com o nazismo.
Retirou-se
para a África onde produziu documentários fotográficos
sobre a vida selvagem. Com mais de 90 anos ainda trabalhava como fotógrafa
submarina ao lado do marido, um mergulhador muito mais jovem do que
ela. Além de ter sobrevivido a dois gravíssimos acidentes,
o último em fevereiro de 2000.
Nos
anos 90 parece que o mundo resolveu prestar atenção ao
seu talento e a sua vida e vários trabalhos foram produzidos,
entre textos, biografias (quando então ela resolveu falar algo
sobre sua vida) e um especial exibido pela GNT, com longo depoimento
de Leni e de várias outras pessoas - A deusa imperfeita.
Filmografia:
Como atriz
1920 - Mountain Films
1921 - The White Flame
1926 - The Sacred Mountain
Como diretora
1932 - The Blue Light
1935 - Day of Freedom - Our Fighting Forces
1934/35 - Triumph of the Will - O Triunfo da Vontade
1936/38 - Olympia: the festival of beauty, the festival of the people.
1954 - Tiefland
1993
- The Wonderful, Horrible Life of Leni Riefenstahl - dirigido por Ray
Müller
- O documentário Arquitetura da Destruição,
de Peter Cohen (Suécia/1989) também é uma referência
importante para análise do trabalho de Leni naquele contexto.
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