Após o discurso
em que Lenin considera o cinema como o principal meio de divulgação
da nova ordem social que se instala na União Soviética,
Vertov se põe à disposição do Kino Komittet
de Moscou (1918) tornando-se redator e montador do primeiro cine-jornal
de atualidades do Estado Soviético - o KINONEDELIA (Cinema Semana).
Em 1922 cria, com
sua mulher Svilova e seu irmão Mijail, o "Conselho dos Três"
denominando-se kinoks - um composto das palavras russas kino (cine)
e oko (olho). Começam a trabalhar no Kinopravda (Cinema verdade)
e produzem 23 números dessas atualidades cinematográficas.
Em 1923 o grupo
publica seu primeiro manifesto teórico com o título "A
revolução dos kinoks"
Desse momento em
diante Vertov desenvolve uma febril atividade tanto prática,
de realizações de documentários, quanto teóricas.
Todos os seus experimentos com as imagens colhidas do real são
objeto de textos-manifestos em que ele declara seus princípios
das relações entre olho/câmera/realidade/montagem.
Todos os seus experimentos cinematográficos baseiam-se no exercício
exaustivo de construção da expressão através
da articulação desses quatro elementos.
Podemos resumir suas principais construções teóricas
em três noções diferentes e complementares:
1. a montagem de registros (visuais e sonoros)
2. o cine - olho (kino-glaz)- um meio de registrar a vida, o movimento,
os sons e organizá-los através da montagem.
3. a vida de improviso - rodada sem nenhum tipo de direção
documental.
DZIGA VERTOV
"Eu sou um
cine-olho. Eu sou um construtor. Eu te coloquei num espaço extraordinário
que não existia até este momento. Nesse espaço
tem doze paredes que eu registrei em diversas partes do mundo. Justapondo
a visão dessas paredes e alguns detalhes consegui dispô-las
numa ordem que te agrada e edifiquei, da forma adequada, sobre os intervalos,
uma cine-frase que é, justamente, esse espaço.
Eu, cine-olho, crio um homem muito mais perfeito que aquele que criou
Adão, crio milhares de homens diferentes segundo desenhos distintos
e esquemas pré-estabelecidos.
Eu sou o cine-olho.
Tomo os braços de um, mais fortes e hábeis, tomo as pernas
de outro, melhor construídas e mais velozes, a cabeça
de um terceiro, mais bonita e expressiva e, pela montagem, crio um homem
novo, um homem perfeito."
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