UM BALANÇO SOBRE O CINEMA BRASILEIRO NA UNIVERSIDADE


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1. DOS PROGRAMAS

No ano de 2002, os programas de Pós-Graduação em Comunicação festejaram seus trinta anos de existência. O pioneiro foi o da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), aberto durante a gestão na pós-graduação do prof. Erwin Theodor Rosenthal. O Programa de Mestrado em Ciências da Comunicação foi inaugurado em 8/1/1972, sendo seguido em 1/8/1980 pelos Doutorados em Comunicação e Artes (o Mestrado em Artes, que concentrava a área de Cinema, data de 1974).

Na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ) ele foi organizado pelo primeiro diretor da ECO, o prof. José Simeão Leal, em 1972, sendo ampliado e desenvolvido pelo prof. Emmanuel Carneiro Leão.

Em 1974 foi aberto o da Universidade de Brasília (Programa de Pós-Graduação em Comunicação), vindo a seguir, em 1978, os da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica), e o da Universidade Metodista de São Paulo (Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social). A PUC de São Paulo informa que o início do programa de Mestrado teria se dado em 1970, tornando-o o mais antigo do país, porém cremos que esteja se referindo ao Programa de Teoria Literária (Semiótica), de onde se desdobrou o Programa de Comunicação e Semiótica, em 1978.

Mas foi na virada da década de 90 e na entrada do novo milênio que a proliferação dos cursos se fizeram mais presentes. Os programas criados foram os seguintes:

1989: Universidade Federal da Bahia/Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporânea/Faculdade de Comunicação;

1994: Universidade Estadual de Campinas/Programa de Pós-Graduação em Multimeios/Instituto de Artes;
1994: Universidade Vale dos Sinos (São Leopoldo)/Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação;
1994: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul/Curso de Mestrado em Comunicação Social;

1995: Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação/Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação;
1995: Universidade Federal de Minas Gerais/Mestrado em Artes Visuais/Escola de Belas Artes.

1996: Universidade Federal de Minas Gerais/Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Sociabilidade Contemporânea/Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - Departamento de Comunicação Social;

1997: Universidade Federal Fluminense/Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Imagem e Informação/Instituto de Arte e Comunicação Social;

1998: Universidade Federal de Pernambuco/Programa de Pós-Graduação em Comunicação/Faculdade de Ciências Humanas, Letras e Artes - Departamento de Comunicação Social;

1999: Universidade de Marília/Programa de Pós-Graduação em Comunicação;

2000: Universidade Tuiuti do Paraná/Mestrado Acadêmico em Comunicação e Linguagens/Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas;

2001: Universidade Paulista/Programa de Mestrado em Comunicação/Campus Bacellar;
2001: Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Programa de Pós-Graduação em Comunicação/Faculdade de Comunicação Social;

2002: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Campus de Bauru/Programa de Pós-Graduação em Comunicação/Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação;
2002: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social.

Além dos cursos reconhecidos no país pela CAPES - Coordenadoria de Apoio ao Pessoal de Nível Superior como de Stricto Senso, na cidade de São Paulo, a Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero oferece um Curso Lato Sensu na sua Pós-Graduação.

Dessa forma, tivemos cinco programas abertos na década de 70 (dois na cidade de São Paulo, um em São Bernardo do Campo, outro no Rio de Janeiro e um em Brasília), um na década de 80, em Salvador; nove na década de 90 (três em Porto Alegre, dois em Belo Horizonte e um em cada cidade de Campinas, Recife, Niterói e Marília) e cinco a partir do ano 2000 (São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, dois, e Bauru), somando um total de 19 programas e um Mestrado em funcionamento no país. Deste total, 12 deles, ou seja, mais da metade, está qualificada para a titulação nos dois níveis, Mestrado e Doutorado, mostrando a excelência do corpo docente.

Programa
Ano
Universidade
Nível
Área de concentração atual
Ciências da Comunicação
1972
USP
M(1972)D(1980)
1.Ciências da Informação e Documentação
2.Comunicação
3.Jornalismo
4.Relações Públicas, Propaganda e Turismo
5.Comunicação e Estética do Audiovisual
Comunicação
1972
UFRJ
M(1972)D(1983)
Comunicação e Cultura
Comunicação
1974
UnB
M(1974)D(2002)
Meios de Comunicação e Sociedade
Comunicação e Semiótica
1978
PUC-SP
M(1978)D(1981)
1.Signo e Significações nas Mídias2.Intersemiose na Literatura e nas Artes3.Tecnologias da Informação
Comunicação Social
1978
UMESP
M(1978)D(1995)
Processos Comunicacionais
Comunicação e Cultura Contemporânea
1989
UFBa
M(1989)D(1994)
Análise de Produtos e Linguagens da Cultura MediáticaComunicação e PolíticaCibercultura
Multimeios
1994
Unicamp
M(1994)D(1999)
Multimeios e CiênciaMultimeios e Arte
Ciências da Comunicação
1994
Unisinos
M(1994)D(1999)
Processos Midiáticos
Comunicação Social
1994
PUC-RS
M(1994)D(1999)
Nd
Comunicação e Informação
1995
UFRGS
M(1995)D(2001)
Comunicação e Informação
Comunicação
1997
UFF
M(1997)D(2002)
Comunicação, Imagem e Informação
Comunicação Social
1995
UFMG
M(1996)
Comunicação e Sociabilidade Contemporânea
Comunicação
1998
UFPE
M(1998)
Comunicação
Comunicação
1999
UNIMAR
M(1999)
Mídia e Cultura
Comunicação e Linguagens
2000
UTP
M(1999)
Nd
Comunicação
2001
UNIP
M(2001)
Comunicação e Cultura Mediática
Comunicação
2001
UERJ
M(2002)
Comunicação Social
Comunicação
2002
UNESP
M(2002)
Comunicação Mediática
Comunicação Social
2002
PUC-RJ
M(2002)
Comunicação Social
Mestrado em Artes Visuais
1995
UFMG
M(1995)
Arte e Tecnologia da Imagem


Fontes: Pesquisa FAPESP, dez.2002; ECA: Pós-Graduação 30 anos, diversidade e interdisciplinaridade; eco.ufrj.br; unb.br; pucsp.br; umesp.br; facom.ufba.br; iar.unicamp.br; comunica.unisinos.br; ilea.ufrgs.br; pucrs.br; fafich.ufmg.br; propesq.br; utp.br; unip.br uerj.br; uff.br; faac.unesp.br; facasper.com.br; unimar.br; puc-rio.br

No que tange às linhas de pesquisa dos programas, em média elas giram em torno de duas a três, buscando trabalhar de forma teórica e reflexiva as áreas da imagem em movimento (cinema, vídeo e as novas tecnologias digitais), jornalismo, publicidade (marketing, relações públicas, turismo), documentação (tratamento da informação) e os aspectos teóricos da comunicação (epistemologia e cognição). Dentro deste panorama, o programa da ECA/USP possui um caráter excepcional ao apresentar 18 linhas de pesquisa, enquanto o programa mais próximo, o da PUCSP, congrega seis linhas. O número de professores envolvidos ascende a mais de 400 profissionais, com um número médio de 20 docentes por programa (a ECA/USP conta com 119 professores). Embora não seja o nosso escopo uma avaliação em profundidade do corpo docente, podemos adiantar que a Universidade brasileira gerou de 2/3 a ¾ dos doutores admitidos nos programas.

As linhas dos programas dos programas podem ser explicitados na seguinte ordem:

ECA/USP: 18 linhas

Área de Concentração Ciências da Comunicação e Documentação

1) Ação Cultural
2) Análise Documentária
3) Geração e Uso da Informação
4) Informação, Comunicação e educação
Área de Concentração: Comunicação
5) Epistemologia, teorias e Metodologias da Comunicação
6) Comunicação e Cultura
7) Comunicação e Educação
8) Comunicação e Ficção Televisiva
Área de Concentração: Jornalismo
9) Epistemologia do Jornalismo
10) Jornalismo e Cidadania
11) Jornalismo e Linguagem
12) Jornalismo Comparado
13) Jornalismo, Mercado e Tecnologia

Área de Concentração: Relações Públicas
14) Comunicação Institucional: Políticas e Processos
15) Publicidade, Moda e Produção Simbólica
16) Turismo e Lazer
Área de Concentração: Comunicação e Estética do Audiovisual
17) Técnicas e Poéticas em Imagem e Som
18) Significação em Imagem e Som

PUCSP: 6 linhas
Área de Concentração: Signo e Significado nas Mídias
1)Fundamentos Conceituais da Semiótica e da Comunicação
2) Linguagens e processos Psicossociais nas Mídias
Área de Concentração: Intersemiose na Literatura e nas Artes
3) Literatura: Intertextualidade e Hipertextualidade
4) Linguagens da Arte e Artemídia
Área de Concentração: Tecnologias da Informação
5) Cognição e Informação
6) Tecnoculturas

UNB: 3 linhas
Área de Concentração: Meios de Comunicação e Sociedade
1) Interpretação de Produtos Culturais
2) Produção Social do Jornalismo
3) Comunicação e Contemporaneidade

UFBa/FACOM: 3 linhas
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Contemporânea
1) Análise de Produtos e Linguagem da Cultura Mediática
2) Comunicação e Política
3) Cibercultura

UFF: 3 linhas
Área de Concentração: Comunicação
1) Comunicação e Mediações
2) Tecnologias da Comunicação e da Informação
3) Análise da Imagem e do Som

UNESP/Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação: 3 linhas
Área de Concentração: Comunicação Midiática
1) Cultura Midiática e Sociedade
2) Gêneros, Formatos e Produção de Sentido
3) Gestão da Informação e Comunicação Midiática

ECO/UFRJ: 2 linhas
Área de Concentração: Comunicação e Cultura
1) Comunicação, Cultura e Sistemas Sociais
2) Comunicação, Cultura e Sistemas de Pensamento

UMESP: 2 linhas
Área de Concentração: Processos Comunicacionais
1) Comunicação Massiva
2) Comunicação Segmentada

UNICAMP/Instituto de Artes: 2 linhas
1) Multimeios e Ciências (Antropologia Visual; Comunicação Sonora; Cultura Popular e Multimeios; Multimeios, Educação e Gestão do Conhecimento)
2) Multimeios e Artes (Cinema - História e Teorias; Criação em Multimídia; Estética e Documentação Audiovisual; Literatura e Audiovisual; Vídeo Arte e Vídeo Documentário)

UNISINOS: 2 linhas
Área de Concentração: Processos Midiáticos
1) Mídias e Processos de Significação
2) Mídias e Processos Sócio-Culturais

UFRGS/Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação: 2 linhas
Área de Concentração: Comunicação e Informação
1) Comunicação e Indústrias Culturais
2) Informação e Novas Tecnologias


UFMG/FAFICH: 2 linhas
Área de Concentração Comunicação e Sociabilidade Contemporânea
1) Comunicação e Práticas Sociais
2) Comunicação e Linguagem

UFMG/EBA: 2 linhas
Área de Concentração: Arte e Tecnologia da Imagem
1) Criação, Crítica e Preservação da Imagem
2) Criação e Crítica da Imagem em Movimento

UFPe: 2 linhas
Área de Concentração: Comunicação
1) Linguagem dos Meios
2) Mídia e Cultura

UNIP: 2 linhas
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Mediática
1) Configuração de Linguagens e Produtos Audiovisuais na Cultura Mediática
2) Cultura Mediática e Grupos Sociais

UERJ/Faculdade de Comunicação Social: 2 linhas
Área de Concentração: Comunicação Social
1) Cultura de Massa e Representação Social
2) Novas Tecnologias e Cultura

UMIMAR: 2 linhas
Área de Concentração: Mídia e Cultura
1) Ficção na Mídia
2) Produção e recepção de Mídia

PUC-RJ: 2 linhas
Área de Concentração: Comunicação Social
1) Cultura de Massa e Representações Sociais
2) Cultura de Massa e Práticas Sociais


2. DA TITULAÇÃO

Na forma de dissertações de Mestrado e teses de Doutorado e Livre Docência os programas de Comunicação são geradores de conhecimento, uma das funções da Universidade. No campo do cinema brasileiro, que é o foco deste balanço, temos que alargar este espectro para as Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, estruturas universitárias mais antigas e das quais muitos dos primeiros professores dos programas de Comunicação são egressos.

Em primeiro lugar é preciso explicar o que entendemos por cinema brasileiro para efeito de explicitação do recorte realizado sobre a produção científica universitária. Cinema brasileiro está sendo entendido aqui como um campo de conhecimento específico de estudo universitário surgido na década de 60 com as experiências pioneiras das Universidades de Brasília e de São Paulo. O artefato material deste campo é o filme, suporte em película para uma forma narrativa construída com imagens em movimento, concentradora de uma série de atividades materiais, como produção, distribuição e exibição, e culturais, como a leitura feita pelos espectadores na circulação dessas narrativas. Dessa forma, os trabalhos universitários conduzidos sobre o filme abarcam uma gama variada de assuntos situados nos campos mais tradicionais da Literatura, História, Economia e Sociologia, assim como os mais recentes das áreas de Comunicação e da Antropologia Visual.

As novas formas de produção magnética (o vídeo) e digital (programas computacionais), apropriadas pela vídeo-arte ou pelo que se convencionou chamar de audiovisual, principalmente na utilização do vídeo na educação, estão fora do interesse deste levantamento, com exceção daqueles estudos que trabalham situações limites como as fronteiras entre televisão e cinema, ensino com o auxílio do filme ou as tecnologias de tratamento da película e do magnético/digital.

Dito isso, organizamos um repertório de 728 teses e dissertações defendidas sobre cinema, pesquisadas nos bancos de dados universitários nacionais e estrangeiros veiculados pela WWW - World Wide Web. Desta produção, descartamos 204 documentos por estudarem o cinema estrangeiro (ver relação no arquivo TESEESTRANGEIRA) e outras 10 por conterem mínimas referências ao cinema brasileiro (ver anexo ao final desta parte). Dos 514 documentos selecionados sobre cinema brasileiro, vários ainda estão sujeitos a uma avaliação mais criteriosa, principalmente aqueles defendidos fora de São Paulo; a produção por titulação defendida no Brasil somou 476 textos com a seguinte divisão:

MESTRADO: 339
DOUTORADO: 126
LIVRE DOCÊNCIA: 11

Entre as 11 livre docências, sete foram defendidas dentro do regime instituído depois de 1968 pela reforma universitária.

Os programas de pós-graduação em comunicações reconhecidos dedicaram ao cinema brasileiro as seguintes teses e dissertações (ordenados segundo a data de abertura):

:

PROGRAMA LIVRE DOCENTE DOUTOR MESTRE
ECA/USP
5
42
90
ECO/UFRJ 1 11 28
1
11
28
UnB - - 9
-
-
9
PUC/SP - 6 20
-
6
20
UMESP - - 3
-
-
3
UFBa - - 5
-
-
5
Unicamp/Multimeios - 1 14
-
1
14
PUCRS - - 1
-
-
1
UFRGS - - 1
-
-
1
UFMG/FAFICH - - 3
-
-
3
UFMG/EBA - - 4
-
-
4
UFF - - 6
-
-
6
UNIP - - 1
-
-
1
UNESP/Bauru - - 3
-
-
3
TOTAL
6
60
188

Não só o afunilamento entre os níveis de titulação é bem visível como o número total de homens que se titula é bem maior que o de mulheres (151 homens contra 96 mulheres), a diferença devendo-se ao Mestrado, onde a quantidade de homens que chega ao final da pós-graduação é de 120 contra 67 mulheres. No Doutorado há um equilíbrio entre os sexos com 30 homens com titulação de Doutor contra 28 mulheres. Mas o número de mulheres que chega à Livre Docência, na nova modalidade imposta depois de 1968, é bem maior (5 mulheres contra 2 homens).

A maior parte destes títulos foi obtida nos programas instalados na cidade de São Paulo (164 titulações) contra 40 no Rio de Janeiro, distribuindo-se os restante entre os programas das cidades de Campinas (15), Brasília (9), Belo Horizonte (7), Niterói (6), Salvador (5), São Bernardo do Campo (3), Bauru (3) e Porto Alegre (1).

PROGRAMA
TITULAÇÃO
ECA/USP
137
ECO/UFRJ
40
PUCSP
26
Unicamp/IA
15
UnB
9
UFF/IACS
6
UFMG/EBA
6
UFBa
5
UNESP/Bauru
3
IMESP
2
UNIP
1
UFRGS
1


Se os Programas de Comunicação contribuíram com 254 trabalhos sobre cinema brasileiro, não podemos esquecer a importante contribuição das Faculdades de Filosofia, Letras e Ciências Humanas no estudo do cinema brasileiro, tanto nas cidades onde os cursos de Comunicação foram ou ainda são incipientes, quanto nas grandes Universidades. Desta forma, as Faculdades ou Departamentos de Letras, História e Ciências Sociais produziram 143 teses e dissertações. Outros cursos como Educação, Arquitetura e Urbanismo, Direito e até Medicina, agregaram outras 24 trabalhos ao conjunto, somando 167 pesquisas.

FACULDADE
MESTRE
DOUTOR
FFLCH/USP
22
23
UFRJ
26
8
UNICAMP
12
7
PUC/SP
11
4
UFRGS
7
2
UFMG
7
5
UFBa
6
2
UFF
6
3
UNESP
2
2
UnB
1
1
OUTRAS FEDERAIS
18
3
OUTRAS do RJ
12
-
OUTRAS PUCs
13
3
TOTAL
143
63


Os departamentos de Letras foram os que deram a maior contribuição na aproximação com o cinema brasileiro, seguido pelos de História e Ciências Sociais:

CURSO
MESTRE
DOUTOR
LETRAS
39
12
HISTÓRIA
46
2
CIÊNCIAS SOCIAIS
38
4
EDUCAÇÃO
5
4
ARQUITETURA
5
-
ADMINISTRAÇÃO
3
-


Embora, no geral, a diferença entre os Mestrados e Doutorados passe pelo mesmo processo de afunilamento na inclusão do cinema brasileiro como motivo de estudo, caindo para menos da metade no Doutorado, quanto aos sexos há uma preponderância masculina. No Mestrado são 74 homens contra 55 mulheres, mantendo-se a proporção no Doutorado, 26 contra 20 mulheres.
Na soma dos trabalhos defendidos nos cursos de pós-graduação dedicados tanto à Comunicação quanto aos de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, chegamos ao seguinte "ranking" por Universidade:

Universidade de São Paulo: 195 trabalhos
Universidade Federal do Rio de Janeiro: 73
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo: 41
Universidade Estadual de Campinas: 34
Universidade Federal de Minas Gerais: 19
Universidade Federal Fluminense: 15
Universidade Federal da Bahia: 13
Universidade Federal do Rio Grande do Sul: 12
Universidade de Brasília: 11
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro: 9

No exterior, a Universidade de Paris é um pólo de atração que continua magnetizando os pós-graduandos. Nas suas faculdades se defenderam 17 trabalhos contra cinco em Nova York.

3. A EVOLUÇÃO DAS TESES NO TEMPO

Até 1970, o cinema brasileiro esteve pouco presente nos trabalhos universitários com 6 defesas de teses (uma delas no exterior). Na década seguinte, como resultado da criação dos cursos de graduação em comunicação e, logo em seguida, com os programas organizados, elevou-se exponencialmente a produção, atingindo-se 33 teses e dissertações (4 delas no exterior). Esse crescimento dobrou na década de 80 (com 71 trabalhos), quadruplicando na de 90 (292 trabalhos), mostrando como esse é um fenômeno recente na Universidade brasileira. O interesse pelo assunto "cinema brasileiro" também se refletiu no exterior com um número mais expressivo de apresentação de teses a partir do final da década de 90 (oito no triênio 2000/2002 contra nove em toda a década de 90).


ANO
DEFESAS NO BRASIL
EXTERIOR
2002
41
3
2001
52
3
2000
38
5
1999
47
3
1998
16
-
1997
34
3
1995
36
1
1994
19
-
1993
21
-
1992
16
1
1991
15
-
Anos 80
69
10
Anos 70
26
4
1950-70
7
1


Um número significativo dos trabalhos defendidos no Brasil durante o transcorrer deste tempo, cerca de 25% do total, foi orientado por um pequeno grupo de professores, entre os quais estão os decanos e participantes dos núcleos pioneiros das pós-graduações como Ismail Norberto Xavier (19 teses e dissertações), Mary Enice Ramalho de Mendonça (17), Maria Rita Eliezer Galvão (16), Eduardo Peñuela Cañizal (16), Marília da Silva Franco (10), Emmanuel Carneiro Leão (6), Muniz Sodré de Araújo Cabral (6), Rogério Luz (6), Marcello Giovanni Tassara (5), Eduardo Leone (5), Heloísa Buarque de Hollanda (4) e Arlindo Ribeiro Machado Neto (4). Uma nova geração formada por esses professores vem tomando o seu lugar na Universidade com Adilson José Ruiz (6 dissertações), Lúcia Nagib (4), Antonio Carlos Amâncio da Silva (4) ou Fernão Vitor Pessoa Ramos (4). A contra-face a esse punhado de mestres agrupado nos cursos de Comunicações encontra-se na fragmentação das mais de duas centenas de orientadores atuando, em geral, nas Faculdades de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.

A existência destes dois pesos na balança pode ser vista na eleição dos temas dos trabalhos. O Cinema Novo aparece com 74 trabalhos referenciados, sendo o seu diretor mais representativo, Glauber Rocha, alvo de 66 referências, e os seus filmes mais significativos como Deus e o diabo na terra do sol e Terra em transe (20 entradas) ou Barravento (10 entradas). Dos integrantes do Cinema Novo nenhum dos diretores se compara a Glauber Rocha em termos de atração, situando-se no patamar mais próximo Leon Hirszman (11 entradas). Sobre o cinema contemporâneo há uma especial predileção pelos irmãos Walter e João Moreira Salles, e pela dramaturgia de Eduardo Coutinho. Nas Ciências Humanas os temas ligados à Literatura são majoritários, com 53 referências, vindo depois os relacionados à História (25 entradas) e Antropologia (16 entradas). Nos últimos anos, os estudos sobre o emprego do cinema no ensino tem atraído um número significativo de pesquisadores.

Não poderíamos terminar este balanço sem uma nota sobre a edição dos trabalhos universitários. Eles não têm sido muito palatáveis para o mercado editorial, pois publicar em livro uma dissertação ou tese que teve por tema o cinema brasileiro é tão difícil quanto a realização dos filmes, que muitas vezes foram a base para a realização dos trabalhos. Até 2002, somente 13% das teses e dissertações chegaram ao formato de livro (70 trabalhos, 64 no Brasil e 6 no exterior).

José Inacio de Melo Souza (organizador)
Julho 2002/julho 2003


ANEXO


RELAÇÃO DE DISSERTAÇÕES E TESES DESCARTADAS POR CONTEREM MÍNIMAS REFERÊNCIAS AO CINEMA BRASILEIRO

1.BERNARDI, Célia de. Lendário Meneghetti: imprensa, memória e poder. São Paulo, FFLCH/USP, Dissertação de Mestrado, 1993.
2.BRITO, Rubens José de Souza. Dos peões ao rei: o teatro épico-dramático de Luís Alberto de Abreu. São Paulo, ECA/USP, Tese de Doutorado, 1999.
3.LOUREIRO, Sandra Maria Medeiros. O lazer na vida de estudantes de pós-graduação de psicologia e educação física da Universidade de São Paulo: um estudo exploratório. São Paulo, Universidade de São Paulo, Dissertação de Mestrado, 1985.
4.OLIVEIRA, Aline Cristina Sasahara de. Mulher solta, mulher louca - Maria Venuto - das horas de seus dias à tela do cinema. Campinas, Universidade Estadual de Campinas/IA, Dissertação de Mestrado, 1996.
5.SALES, Heloisa Margarida. Prática interdisciplinar ao ensino da arte: estudo de caso - Colégio Equipe anos 70. São Paulo, ECA/USP, Dissertação de Mestrado, 1992.
6.SANTUCCI, Isabel Aparecida. Ousadia autoral: três ou quatro divagações. São Paulo, ECA/USP, Dissertação de Mestrado, 2001.
7.SARETTA, Vilmar. Ausência de problema. Pretexto para interpretar, escrevendo textos de sabores plurais, usando linguagens e fragmentos construindo uma obra programada contra o método. São Paulo, Universidade de São Paulo, Dissertação de Mestrado, 1992.
8.MEDEIROS, Márcia. Luz, câmara, ação: reflexões no cotidiano escolar. Niterói, Universidade Federal Fluminense, Dissertação de Mestrado, 1999.
9.SOUZA, João Carlos de. Sertão cosmopolita: a modernidade de Corumbá (1872-1918). São Paulo, FFLCH/USP, Tese de Doutorado, 2001.
10.VASCONCELOS, Maurício Salles de. Iluminações da modernidade: uma caminhada com Rimbaud. São Paulo, FFLCH/USP, Tese de Doutorado, 1994.



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