Em termos
cinematográficos, entendemos a montagem e sonorização
como processos de FINALIZAÇÃO de um filme, ou seja, colocá-lo
em condições de ser exibido publicamente
MONTAGEM:
Tanto filmes Super-8 como Single-8 podem ser igualmente montados nas
mesmas coladeiras, uma vez que seu tamanho é o mesmo. O processo
é totalmente manual e requer uma certa habilidade. É importante
frisar alguns aspectos do Super-8 quanto à sua finalização:
O Super-8 tradicional é um filme reversível, ou seja,
não apresenta resultado final negativo, e sim positivo, pronto
para projeção. Isso significa que não é um
filme próprio para fazer cópias, e assim, qualquer erro,
como um corte errado, um risco no filme, ou mesmo amassá-lo inadvertidamente,
significa perder o material original.
Por esse motivo, a montagem do Super-8 deve ser cuidadosamente planejada
com antecedência, junto ao roteiro, pois não funciona como
o 16 ou 35mm, que, tendo uma cópia de trabalho, é possível
montá-lo e desmontá-lo à vontade pois o negativo
estará preservado. O Super-8 reversível não tem negativo,
e, no caso do Super-8 negativo, não há cópia. O
Super-8 não foi feito para finalização profissional!
PORTANTO, as opções são, atualmente, as seguintes:
1) Filmar em Super-8 reversível e montar na coladeira.
Primeiramente, para este processo é necessário um editor
de Super-8. Como não há moviolas (embora já tenham
sido fabricadas por um breve período), os editores de Super-8 são
a melhor opção. Com eles, trabalhando em conjunto com uma
coladeira, é possível montar um filme sem grandes problemas.
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Este
é um editor de Super-8 mudo. Possui um prisma interno que simula
o obturador do projetor, fazendo com que se veja o filme passando
normalmente, e não a imagem corrida. É similar aos sistemas
das moviolas profissionais. A única diferença é
que a maioria dos editores não tem motor de tração,
ou seja, a velocidade do filme está condicionada à manivela
girada pelo operador. |
Esta
é a versão sonora do editor, e deve ser imprescindível
à montagem caso se queira montar e finalizar em película
S-8 um filme sonoro. Pois sem um leitor magnético, não
é possível saber em que parte do som estamos cortando,
já que o som correspondende à uma imagem está
18 fotogramas à frente desta. Seria o mesmo que cortar
no escuro.
A não ser que a intenção seja sonorizar posteriormente,
ou mesmo telecinar o material e sonorizá-lo em vídeo,
é preciso um editor sonoro.
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É
necessário achar uma coladeira específica de Super-8. As
melhores são as FUJICA, para Single-8 (mas que servem no Super-8),
e a grande dificuldade é encontrar o durex próprio para
esta coladeira. Eles ainda são vendidos nos EUA, é preciso
importá-los. São resistentes, baratos e já vêm
com a perfuração certa para a bitola (se vc tentar usar
outro durex vai ter os problemas de colagem triplicados). O processo é
artesanal: corta-se fisicamente o filme e emenda-se uma ponta na outra
com o durex. Com isso, obtém-se um filme passível de ser
projetado, o que reforça a necessidade de se usar um durex correto,
pois um alternativo poderá arrebentar na projeção.
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Coladeira
para cola com base de acetona.
Esta coladeira tinha a desvantagem de sobrepor as duas pontas emendadas,
dificultando, por vezes, a passagem pelo projetor. Mas a emenda
ficava extremamente resistente
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Esta
é uma versão sofisticada da anterior. Utilizava cola
à quente, o que aumentava ainda mais a durabilidade da emenda.
Algumas ainda faziam um corte diagonal para que as emendas não
se sobrepusessem.
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Esta
coladeira FUJICA, trabalhava com durex fabricado pela Fuji. Embora
destinada ao Single-8, pode ser usada em Super-8 da mesma maneira,
pois as medidas são idênticas. É a mais prática
e simples coladeira do mercado. A única dificuldade é
achar o durex específico dela.
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2)
Filmar em Super-8 Negativo. Neste caso, não há cópia
positiva e nem moviolas para montagem (já existiram, mas estão
fora do mercado há bastante tempo, e não há laboratórios
aptos a copiarem Super-8), e o filme deverá, obrigatoriamente,
ser telecinado.
Telecinagem é o processo que reverte a película de
cinema em sinal de vídeo, podendo gravar as imagens em diversos
suportes de vídeo, de analógicos (VHS, S-VHS, 8mm, Hi-8,
Betacam) ou digitais (DV, Mini DV, DVD, HDTV), dependendo da verba disponível
para isso.
Processos de Telecinagem:
Transferência Aérea: É baseada num processo
simples, a caixa de espelho, que consiste num tubo retangular com uma
lente e um espelho interno. Coloca-se numa extremidade da caixa um projetor
e na outra uma câmera. A lente e o espelho direcionam a imagem projetada
para a câmera, que 'filma' a imagem do projetor, ou seja, o filme.
Apesar de se dizer, muitas vezes, que é um processo digital pela
câmera captadora ser digital, este é sempre um processo analógico,
que varia de qualidade em vários graus.
Digital : Este é um processo direto, sem 'projeção',
idêntico aos processos de telecinagem profissionais de 16 e 35mm
nos telecines tipo Ursa. É o mais caro e também o melhor
processo de telecinagem
As vantagens desse processo são várias:
a) A possibilidade de escolher diversas sensibilidades (ISO 50, 100, 125,
200, 250, 320, 500 e até 800), pois os filmes são os mesmos
fabricados em 16 e 35mm, só que cortados no formato S-8
b) maior latitude do filme, possibilitando filmar em condições
precárias de luz, ou mesmo para simplesmente poder exigir mais
do contraste do filme, uma vez que o filme negativo tem muito maior latitude
que o reversível
c) poder corrigir as cores e acrescentar efeitos diversos no telecine
d) ser muito mais barato que 16mm e, quando passado para vídeo
digital, ter qualidade similar a este em condições controladas
de luz.
As desvantagens são:
Impossibilidade de projeção em cinema, exigindo ou projeção
em vídeo (cuja perda de qualidade começa a se tornar significativa),
ou kinescopia, processo inverso da telecinagem, em que se pega material
em vídeo e o passa para película cinematográfica.
Apesar se se poder passar para 16 ou 35mm, de muito maior qualidade, o
original em S-8 deve estar impecavelmente bem filmado, ou a imagem correrá
o risco de ficar borrada e indefinida.
SONORIZAÇÃO:
A sonorização em Super-8 é outro problema relativamente
sério. Há pouco mais de 5 anos atrás ainda eram fabricados
cartuchos sonoros de Super-8, o que significava que era possível
filmar em S-8 com SOM DIRETO, ou seja, som captado na hora e gravado
na película junto com a imagem. Isso porque as câmeras sonoras
possuíam uma cabeça similar à de um gravador cassete,
que gravava o som na banda magnética das películas sonoras
juntamente com o registro das imagens pelo filme.
Assim, o filme estava praticamente pronto ao término das filmagens,
bastanto apenas ser feita a montagem
Era um processo mais simples, mas tinha algumas observações
importantes: O som no Super-8 é gravado (assim como também
em 16 e 35mm) com alguns fotogramas de distância da imagem correspondente
àquele som (no caso do super-8, o som fica 18 fotogramas antes
da imagem). Assim, sempre que se filmava com som direto era preciso tomar
cuidado para não começar a falar imediatamente após
ligar a câmera, pois do contrário não haveria espaço
para corte. Ou, o mais comum, cortar uma imagem e esquecer o som, deixando
o fim da imagem sem som.
Havia também a possibilidade de dublar ou sonorizar posteriormente
o filme, porque os projetores sonoros eram capazes de gravar, tanto quanto
as câmeras. Assim, se fosse necessário inserir música
ou mesmo diálogos, era possível projetar e acionar o gravador
do projetor ao mesmo tempo, ligado a um microfone ou a um aparelho de
som. Os projetores mais sofisticados gravavam em 2 pistas (estéreo)
e mixavam duas ou três entradas, podendo facilmente sobrepor música
num diálogo sem apagá-lo. A dificuldade era projetar várias
vezes o filme até encontrar o sincronismo ideal, uma vez que esse
processo desgastava o filme.
Uma outra maneira ainda de sonorizar era aplicando banda magnética
sobre a borda das películas mudas. Isso era comum quando o usuário
não dispunha de câmera sonora (que eram mais caras), mas
queria sonorizar seu filme. A banda magnética era aplicada em laboratórios
especializados (ou até por amadores experientes, pois era vendido
um kit para aplicação caseira) e seguia-se o processo de
gravação via projetor.
O problema dessa banda aplicada é que, diferentemente da banda
original de fábrica, ela costumava, depois de um tempo, desprender-se
da película, causando lapsos irreparáveis no som do filme.
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Dois
aparelhos para aplicação de Banda Magnética
nas películas de Super-8
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Atualmente, esse problema não existe mais simplesmente porque não
há mais filmes sonoros em Super-8. O que normalmente se faz:
1) Grava-se, se for o caso, normalmente o som direto num Nagra ou DAT,
iguais aos usados em produções profissionais de cinema.
Se a câmera for muda, é provável que seja muito barulhenta,
e nesse caso é necessário cobrí-la, ainda que não
resolva totalmente o problema.
Importante: NUNCA GRAVE DIÁLOGOS MAIORES QUE 15 segundos NESTE
CASO, POIS O SINCRONISMO IRÁ SE PERDER DEPOIS DESTE TEMPO.
2) Faça a edição de som normalmente em estúdio
digital, até mesmo num computador dotado de programa específico
para isso.
3) Telecinado o material em S-8, utilize uma ilha de edição
digital não-linear, como AVID, Final Cut, Première, etc.
para sincronizar. É um trabalho meticuloso pois as câmeras
de S-8 não têm velocidade estável e podem variar muito,
obrigando o editor a procurar vários pontos de sincronismo, mesmo
que haja claquete. O resultado final, por estar em vídeo digital,
é de mais fácil manipulação para contornar
esses problemas de sincronismo.
Dicas: Atualmente, não há nenhum vínculo entre
as câmeras de cinema e os gravadores de som delas, porque são
fabricadas com tecnologia de motores regidos por cristais de quartzo,
sendo que nem as câmeras e nem os gravadores variam a velocidade,
podendo manter intacto o sincronismo. Entretanto, antes dessa inovação,
as câmeras de cinema 16 e 35mm, para contornar este problema, uma
vez que tinham motores instáveis, se utilizavam de um pulso elétrico
emitido pelo motor para manter o sincronismo. O Nagra, gravador usado
nestes casos, era capaz de, através de um cabo conectado ao motor
da câmera, 'ler' estas variações e acompanhá-la,
mantendo o sincronismo mesmo com o motor variando, pois o Nagra variava
na mesma proporção. Algumas câmeras de S-8 possuem
saídas que emitem este pulso.
Em geral, nas câmeras Canon, este pulso é emitido pela saída
do flash, que só é utilizado em filmagem quadro-a-quadro.
Se sua câmera tiver esta saída, é preciso testá-la,
pois muito provavelmente será possível sincronizar a câmera
a um Nagra (ou até DAT).
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by Filipe Salles
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