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Félix Nadar (1820–1910): Paris em seus diferentes pontos de vista

por Fabiola Notari

O século XIX foi um período da história rico em homens renascentistas e Nadar certamente é um desses homens fascinantes. Ele era escritor, artista, fotógrafo e estava profundamente interessado em ciência e política.

Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com seus olhos voltados para céu, pois lá você esteve e para lá você desejará voltar.

O século XIX foi um período da história rico em homens renascentistas e Nadar certamente é um desses homens fascinantes. Ele era escritor, artista, fotógrafo e estava profundamente interessado em ciência e política. Nadar – Gaspard-Félix Tournachon –, nasceu em Paris no ano de 1820.

Interessou-se por fotografia como ferramenta necessária para o desenvolvimento de seus desenhos. Em 1855, ele e seu irmão abriram um estúdio fotográfico especializado em retratos, cinco anos depois, em 1860, Nadar abriu seu próprio estúdio no coração de Paris. Excêntrico e peculiar, Nadar era um homem alto, grande, com cabelo e bigode vermelhos flamejantes, tudo ao seu redor era vermelho, até o roupão com o qual recebia seus convidados.

Fascinado pela fotografia e sua capacidade de capturar o tempo e sua transformação, buscou em diversos lugares algo a ser fotografado, revelando ao público diferentes pontos de vista daquilo que aparentemente era comum e corriqueiro. Fotografou as profundezas de Paris, seus esgotos e catacumbas e foi o primeiro a produzir fotografias aéreas a partir de um balão, mostrando ao mundo a paisagem de outro ponto de vista, a dos pássaros.

Por volta de 1863, Nadar construiu um enorme balão de ar quente, com cerca de 6000 m3, chamado Le Géant (O Gigante), inspirando na obra Cinq semaines en ballon[1] (Cinco Semanas em um Balão) de Júlio Verne (1928–1905).

Nadar acreditou e fez campanha para o avanço da aeronáutica. Em 1863, criou a The Society for the Encouragement of Aerial Locomotion by Means of Heavier than Air Machines (Sociedade de Incentivo à Aérea locomoção por meio de Mais pesado que o ar Machines), tendo ele como presidente, e Júlio Verne como secretário.

Durante a guerra contra a Itália, Napoleão III solicitou a Nadar que tirasse fotografias aéreas para o governo francês, mas por razões políticas ele se recusou. Mais tarde, em 1870, durante uma guerra com a Prússia, Nadar ajudou a quebrar um bloqueio que havia em Paris por meio da realização do correio por balão de ar, de Paris a Normandia. Assim iniciou-se o primeiro serviço de correio aéreo do mundo.

 

[1] Foi a primeira obra ficional publicada por Jílio Verner em 1963. Sinopse: Na época dourada das grandes explorações ao continente africano, o Dr. Samuel Fergusson dispõe-se a fazer a viagem mais arrojada de todas: atravessar a África, de leste a oeste, num balão. Acompanhado pelo jovem Joe Wilson, o seu fiel criado, e pelo seu amigo de longa data Dick Kennedy, um intrépido e bravo caçador escocês, partem da ilha de Zanzibar a bordo do Victoria, um aeróstato especialmente concebido por Fergusson para a ocasião. Aventurando-se por territórios desconhecidos, a coragem dos três amigos é constantemente posta à prova perante os inúmeros perigos com que se vão deparando. Desde nativos aguerridos a animais ferozes nunca antes vistos por olhos europeus, passando por paisagens desoladoras e por outras fabulosas, somos levados numa aventura fantástica como só a prodigiosa mente de Júlio Verne poderia criar.

 

Imagens:

 

 

Albert Humbert - Caricatura de Nadar e seu balão - Litografia pintada - 1863

 

Félix Nadar - O balão Le Geant - Xilogravura feita a partir de desenho de Nadar, Setembro de 1864

 

 

Félix Nadar - Segunda ascensão do balão de Nadar em Paris

Parte da frente da estereoscopia, Outubro de 1863

 

Félix Nadar - Trabalhadores nas catacumbas de Paris, 1860

 

Félix Nadar - O Arco do Triunfo e o Grand Boulevard, Paris,1868

 

 

Félix Nadar - Primeira fotografia aérea, 1858