Homem-Formiga e a Vespa: Uma pausa para o descanso

Por Ettore R. Migliorança

Nova produção da Marvel Studios aposta na diversão sem compromisso depois de uma constante de produções intensas.

As produções do Marvel Studios são capazes de passear por gêneros diversos, sem deixar de lado sua identidade de produção ou de se provarem capazes de entender o que o público espera. O gênero em que a Marvel melhor se movimenta é o da comédia, como se pode ver nas duas produções da franquia Guardiões da Galáxia (2014 e 2017) e no longa Homem-Formiga (2015), produções cujas proposta são imprimir um espirito cômico sem grandes pretensões .

Tendo noção do sucesso alcançado pelo primeiro filme, a Marvel investe na continuação Homem-Formiga e A Vespa uma sensação de querer explorar o universo particular dos personagens títulos e sentir que essa noção de como o público ficou cativado pelo charme da diversão descompromissada da primeira produção pode atingir um público mais familiar e nada além disso. Ainda mais diante do constante lançamentos de produções desse ano com intenções mais centralizadas em questões sérias acerca das identidades, como é o caso de Pantera Negra, ou numa sensação épica e drama proporcional a escala de crescimento e expansão do universo cinematográfico da Marvel em Vingadores: Guerra Infinita.

Por isso vemos aqui uma aventura local do personagem título, em que acompanhamos Scott Lang (Paul Rudd) tendo que cumprir a prisão domiciliar devido a sua colaboração com Steve Rogers nos eventos de Capitão América: Guerra Civil (2016), porém ele é tentado a ajudar seus ex colaboradores Hank Pyn (Michael Douglas) e Hope van Dyne, que estão tentando extrair do reino quântico a esposa de Hank Pyn, Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer). Para isso Scott e Hope devem vestir o manto de Homem-Formiga e Vespa a fim de concluir a missão.

Neste filme não encontramos muitas ligações com os eventos grandiosos que têm acontecido nos últimos anos no universo cinematográfico da Marvel, sendo assim há um terreno favorável para se criar uma mitologia centralizada no universo, perdão pelo trocadilho, pequeno do personagem. Algo que já foi explorada na produção de 2015, mas que não se sabia até onde poderia ser levado, ha visto que a primeira produção enfrentou problemas devidao a troca repentina de diretores. O autoral Edgar Wright, de Todo Mundo Quase Morto (2004), Scott Pilgrin Contra O Mundo (2010) e o mais recente Em Ritmo de Fuga (2017), foi substituído pelo diretor notório pela competente trabalho no gênero da comédia, Peyton Reed. Por esta razão a produção se centrou muito em entregar uma produção no prazo, porém muito do projeto dependia da assinatura do trabalho de Edgar Wright e no direcionamento controlado pelo padrão Marvel, o que traria ao filme particularidades suficientes para fazê-lo se destacar, sem se deslocar da linguagem usual do estúdio.

O que ocorreu de fato é que essa particularidades se mantiveram mesmo com a saída de Wright e retornam nessa continuação, também dirigida por Peyton Reed e que, ao reassumir o comando, pode explorar essas particularidades sem pressão ou ansiedade por parte do público que se sentiu impacado pelo lançamento de Guerra Infinita. Por isso pode se dizer que muito do humor advém de jogadas com micro-universo e com poder do personagem de crescer e diminuir de tamanho, que são bem explorados tanto em cenas de ação como em cenas de comédia.

Como se disse, comédia é o que há mais no filme, a produção abraçou o gênero e aposta na realização de uma comédia desenfreada, sem querer ser sério ou com grandioso. Paul Rudd está ainda mais engraçado do que nunca, mostrando-se cada vez mais confortável no papel do herói e também mais aberto ao humor. Outro personagem que ja´havia roubado a cena por seu senso de humor no primeiro filme é Luis, interpretado por Michael Penã, e que continua engraçado da maneira ideal.

Em termos de cena de ação, o filme se mostra mais audacioso do que antes, muitas das cenas são estreladas pela nova heroína Vespa, que faz sua estreia no cinema e consegue se garantir como uma das personagens femininas mais legais do universo de super-herói. Mas o mesmo não pode ser dito de certos personagens, pois a presença da vilã Fantasma, interpretado por Hannah John-Karmen, que somente serve ao seu propósito antagonista para os heróis, e não representa uma personalidade potente comos os vilões doa ultimas produções, como Killmonger em Pantera Negra, ou Thanos em Vingadores: Guerra Infinita.

Atingindo aquilo a que se propõe, Homem-Formiga e A Vespa garante um bom entretenimento, no sentido de ser totalmente casual e sem compromisso, entrelaçando a um elenco afiado cheio veteranos como Michael Douglas, Michelle Pfeffer e inclusive Lawrence Fishburne fazendo uma participação pontual, com uma vontade de realizar uma comédia estilo “sessão da tarde”, no bom sentido, e sem grandes conexões com o restante do universo Marvel, exceto pela primeira cena pós-crédito, na qual se revela uma importante pista sobre o que se pode esperar de Vingadores 4. O próximo Vingadores, aliás, está prometido para o ano que vem, e tudo leva a crer que há mais detalhes a serem concluídos no ano que vem, mas até lá é bom se distrair com algo mais simples e gostoso como este micro herói.

 

Ettore R. Migliorança é estudante de Cinema, com ênfase em roteiro e análise de filme, e já produziu dois curtas universitários