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Comemoração em grande estilo: 60 anos do Festival de Berlim

O Festival de Berlim chega à sua 60ª edição com força e vitalidade. Criado em 1950 por americanos que ocupavam parte da cidade depois da 2ª Guerra Mundial e por iniciativa do oficial Oscar Martay, seu nome original era Berlin International Film Festival.

A primeira edição teve início precisamente em 06 de junho de 1951 com a exibição de Rebecca de Alfred Hitchcock e Joan Fontaine, que estrela o filme, foi a grande homenageada naquele ano.

Além das mostras competitivas e paralelas, a 60ª Berlinale traz na sua tradicional mostra Retrospectiva vários filmes de edições passadas que marcaram época, contribuíram para o desenvolvimento do cinema e deslumbraram público e críticos.

Intitulada Play It Again, a retrospectiva vai mostrar a diversidade do festival com cerca de 40 filmes que foram exibidos ao longo desses 60 anos.

Integram a mostra raridades dos primeiros anos do festival como O Cristo Proibido, do polêmico diretor Curzio Malaparte (Itália, 1950); Miss Julie , do sueco Alf Sjöberg (1951); e o dramático Viver do mestre Akira Kurosawa.

Ao lado desses nomes veteranos, filmes recentes também estão incluídos como We Shall Overcome (2005), do dinamarquês Niels Arden Oplev e Magnólia , de Paul Thomas Anderson, vencedor do Urso de Ouro em 2000.

O cinema de autores europeus também marca presença com títulos como o sutil e melancólico A Cidade Branca (Dans la ville blanche) do suíço Alain Tanner; e Sinais de Vida , estréia em longa do alemão Werner Herzog, que retorna à Berlinale não apenas integrando a mostra, mas também presidindo o júri internacional.

Um dos destaques da Ásia é O Sorgo Vermelho , de Zhang Yimou, vencedor do Urso de Ouro em 1988 e o primeiro filme da República Popular da China a ganhar um prêmio importante num festival internacional.

Um reconhecimento merecido

A concessão do Urso Honorário, que reconhece o conjunto da obra de nomes consagrados, presta um tributo à prata da casa ao conceder o prêmio para Hanna Schygylla e Wolfgang Kohlhaase, dois artistas que, embora de formas diferentes, se posicionaram a favor da mudança na Alemanha Ocidental e Oriental, contribuindo assim para a renovação do cinema alemão.

Schygulla trabalhou com cineastas renomados como Volker Schlondorff, Wim Wenders, Jean Luc Godard, Carlos Saura, Andrzej Wajda e, de forma mais expressiva, com Fassbinder com quem fez mais de vinte filmes.

A atriz recebeu prêmios importantes, entre eles o Urso de Prata pelo O Casamento de Maria Braun, de Fassbinder em 1979 e a Palma de Ouro em Cannes, em 1983 pelo papel de Eugênia no filme História de Piera , de Marco Ferreri.

Uma das atuações mais recentes de Schygulla foi em Do Outro Lado (2007), do cineasta alemão de origem turca Fatih Akin.

Kohlhaase, por sua vez, nasceu em Berlim e exerceu, como roteirista e diretor, uma grande influência no cinema na época da DEFA. Ele é um dos artistas da Alemanha Oriental que continuou a ter sucesso após a queda do muro e por muitos anos colaborou de perto com o diretor Gerhard Klein. Sua preocupação com o fascismo alemão o levou a associar-se a Konrad Wolf com o qual fez quatro filmes. O último deles, Solo Sunny (80) ganhou um Urso de Prata naquele ano.

Em 1983,Kohlhaase roteirizou The Turning Point , de Frank Beyer, que conta a história de um soldado alemão numa prisão polonesa no final da guerra. Inscrito na edição da Berlinale daquele ano, após objeções do governo polonês, o filme foi retirado da programação e impedido de participar do evento.

Cinco trabalhos de cada um dos homenageados fazem parte do tributo. Entre eles, o raro Rio das Mortes – mais uma parceria de Schygulla com Fassbinder – que capta com humor bizarro, o clima dos anos 70.