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Gertrude Käsebier (1852–1934): a luz modeladora

 

A luz revela forma, textura e volume de corpos e objetos. Ao ser eternizado, esse instante de convergência entre o visível e o invisível torna-se vestígio de uma existência, é nessa memória gravada que a fotografia de Gertrude Käserbier encontra-se.

Tanto em ambientes internos quanto externos, a fotógrafa trabalha o real para alcançar o imaginário transformando o banal em sublime.

Em suas fotografias, é possível observar a influência da pintura tanto em seus temas quanto no tratamento dados às imagens, nas quais o enquadramento, a composição e o ritmo são cuidadosamente planejados. Ao mesmo tempo em que seus retratos são elaborados, há uma busca pela simplicidade, os cenários não são sofisticados, as poses não são encenadas e a iluminação é a mais natural possível advinda de uma janela ou porta abertas.

Por conta de seu olhar sensível e rigor nos processos técnicos da fotografia – seus negativos eram revelados em platina ou em emulsão de goma bicromatada e, frequentemente, alterava suas fotografias retocando o negativo e/ou refotografando uma fotografia alterada – Käserbier participou de muitos salões e mostras de fotografias, recebendo prêmios importantes. Foi membro-fundadora da Photo-Secession, em 1902 com Alfred Stieglitz (1864-1946) e no ano seguinte, suas fotografias foram publicadas na primeira edição da Revista Camera Work. Alguns anos depois, afastou-se do grupo, e em 1916 foi membro-fundadora do grupo Pictorial Photographers of America.

Seus retratos são impressionantes. Nos interiores de seus cômodos, mães e filhos se encontram, a maternidade é revelada com a delicadeza dos meios tons. A partir dessas imagens é possível compreender a tarefa-renúncia das artistas-fotógrafas que ao mesmo tempo são mães e esposas, pois nelas observa-se a capacidade de extrair das atividades do cotidiano – que por vezes são monótonas, cansativas e repetitivas – os detalhes e sutilezas da composição das formas reveladas pela luz, seu cotidiano é sua inspiração, no entanto, a fotografia é sua profissão, revelando as qualidades ocultas do  que é dito normal.

 

Gertrude Käsebier - The Sketch (Beatrice Baxter)  1903 - Coleção de George Eastman House - International Museum of Photography and Film

 

Gertrude Käsebier - The Manger  (1899-1901)

 

Gertrude Käsebier - The Clarence White Family in Maine - 1913

 

Gertrude Käsebier - Lollipops (Mina Turner and her cousin Elizabeth in Waban, Massachusetts), 1910

 

Referências:

FABRIS, Annateresa. Na encruzilhada: arte e fotografia no começo do século XX. In: O desafio do olhar: fotografia e artes visuais no período das vanguardas históricas. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.

International of Photography Hall of Fame and Museum

http://www.iphf.org/hall-of-fame/gertrude-kasebier/

Acessado em 15 de abril de 2015, às 18:00

MoMa – The Collection

http://www.moma.org/collection/browse_results.php?criteria=O%3AAD%3AE%3A3008&page_number=3&template_id=6&sort_order=1

Acessado em 15 de abril de 2015, às 18:20 



[1] Fabiola B. Notari é artista visual e pesquisadora. É doutoranda em Literatura e Cultura Russa no Departamento de Letras Orientais (DLO/FFLCH/USP) e mestre em Poéticas Visuais pela Faculdade Santa Marcelina (FASM/ASM). Leciona História da Fotografia e Fotomontagem no Curso Superior de Fotografia no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e coordena o Grupo de Estudos Livros de artista, livros-objetos: entre vestígios e apagamentos na Casa Contemporânea.

http://casacontemporanea370.com/article/Grupo-de-Estudos-Livros-de-artista-livros-objetos-.html

Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/1828197136276074