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O Cheiro do Dinheiro (2022, Shawn Bannon)  | 13º Mostra Ecofalante de Cinema

O Cheiro do Dinheiro (2022, Shawn Bannon) | 13º Mostra Ecofalante de Cinema Por André Quental Sanchez

Existe o antigo ditado que a vida imita a arte, enquanto no campo da ficção temos  Os Simpsons – O Filme (David Silverman, 2007), em que a cidade de Springfield é considerada um risco ambiental após Homer, erroneamente, jogar fezes de porco no lago. No campo da realidade, temos o documentário O Cheiro do Dinheiro, em que acompanhamos uma região dos EUA que apresenta grandes riscos ambientais por conta da indústria de carne suína e a eliminação errada de seus dejetos, levando os moradores a sofrerem as consequências destes acontecimentos – sejam elas físicas ou psicológicas.

Ao longo do documentário de Shawn Bannon, acompanhamos diversos moradores de uma região da Carolina do Norte, estado americano conhecido por sofrer um grande índice de poluição ambiental, ocasionada por uma empresa chamada Smithfield Foods, a maior processadora de carne de porco dos EUA. Por meio de diversas entrevistas, o filme evidencia o impacto que a indústria alimentícia promove na região, seja a poluição por conta da eliminação das fezes no lago ou o ar poluído durante este processo.

No filme, a indústria da carne de porco é comparada à máfia — inclusive, diversas pessoas demonstram preocupação em expor suas imagens ao documentário, ao ponto em que uma entrevistada menciona: “espero que não incendeiem minha casa por falar com vocês, porque eles estão nos espiando”. No caso, ela se refere aos fazendeiros que trabalham para grandes corporações como Smithfield Foods. Porém, é deixado claro ao longo do filme que, por mais difícil que seja a situação, a briga não é com os indivíduos, mas  sim com as corporações.

Somente um fazendeiro aceitou ser filmado, Tom Butler, um homem que diz: “metade da minha vida matei pessoas com nicotina e outra metade com odor”. Butler apresenta consciência de suas ações, do mesmo modo que Don Webb, um ex-criador de porcos que desiste da criação após perceber que, em suas palavras, “jogava merda na cabeça dos outros” por conta de seu trabalho.

O documentário não é fácil de assistir. Em alguns momentos, parece um filme de ficção e, em outros, de terror. Em diversos momentos demonstra-se o absurdo da realidade, ao passo em que sentimos a dor de diversos moradores que foram impactados, tendo dois entrevistados falecido entre as gravações e o lançamento da produção. Porém, apesar da situação, a população dessa região ainda luta por seus direitos civis que lhes foram retirados, em busca de um mundo mais justo.

Biografia

André Quental Sanchez é graduado em cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), onde roteirizou e dirigiu um curta-metragem. Tem muito interesse na área do som, crítica e roteiro, tendo gosto pelo campo cinematográfico desde que se enxerga como gente. Atualmente faz pós-graduação de roteiro audiovisual no SENAC. Pretende seguir vida acadêmica. 

Coordenação e Idealização: Flávio Brito

Produção e Edição: Bruno Dias

Edição: Davi Krasilchik, Luca Scupino e Gabriela Saragosa

Edição Adjunta e Assistente de Produção: Davi Krasilchik e Caio Cavalcanti

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