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Placa-Mãe | 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes

(Divulgação)

Placa-Mãe | 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes

Por Giu Nascimento

 

Com direção de Igor Bastos e produção da Flash Minas em coprodução com a Espacial Filmes e distribuição da O2 Play, Placa-Mãe se define como um “sci-fi da roça”, trazendo para as telas a imagem de uma Minas Gerais futurista, em que há uma mescla das estéticas cyberpunk e solarpunk.

 

 

As cores são vivas e o design de cenário e personagem integram elementos clássicos da ficção-científica com referências à cultura mineira. A direção de arte também ressalta as desigualdades sociais representadas: o ambiente da periferia lembra a estética cyberpunk, de uma distopia futurista, cheia de lixo e ferrugem, integrados com a alta tecnologia. Enquanto isso, os ambientes da cidade e dos personagens de classe média e alta possuem uma estética que se aproxima do solarpunk, que integra o verde e sustentável à tecnologia, o que remete, inclusive, a um cenário de utopia.

 

O longa de animação 2D narra a trajetória de David e Lina, duas crianças que vivem em um orfanato na periferia da cidade mineira do futuro. De maneira leve, o filme trata do tema da adoção e de como irmãos são raramente adotados juntos, sendo que a narrativa inicia com David ajudando a irmã mais nova a fugir de uma família gringa, retratada como vilões de maneira caricata. Após a fuga, é revelado que não se trata da primeira vez que o irmão faz isso, o que prejudica as chances de Lina ser adotada e deixa implícito que ele, por ser pré-adolescente, não possui chances de sair do orfanato.

 

A trama principal, então, gira em torno da robô Nadin, uma android com inteligência artificial — a primeira no Brasil a adquirir cidadania — e que, no começo do filme, passa a ter o desejo de ser mãe. Por conta disso, ela entra com um pedido para adotar as duas crianças, a quem conhece depois de salvá-las de um acidente nos lixões da periferia.

 

Há, ainda, uma trama política, em que um candidato ao Senado quer evitar a adoção das crianças por um android, mesmo que elas não tenham outra chance de serem adotadas juntas — em uma clara analogia ao cenário político atual, em que forças conservadoras procuram passar leis para evitar que famílias diferentes das tradicionais (constituídas por um casal hetero-cis normativo) adotem.

 

A animação encanta desde o público-alvo do filme, constituído por crianças entre 9 e 12 anos, até os adultos, contando com momentos que mudam o estilo de animação, para contar folclores pertencentes ao imaginário brasileiro.

 

Além disso, o longa não deixa de incorporar no cenário, nas falas e nos maneirismos dos personagens elementos típicos de Minas Gerais, chegando até mesmo a colocar um trem Maria Fumaça no cenário futurista.

 

 A animação possui profundo potencial de reflexão, uma vez que o tema e a problemática, mesmo sendo retratados em um Brasil do futuro, são um reflexo da sociedade atual. É a Minas futurista, que fala do cenário do presente.

 

 

Biografia

Tem 25 anos, é escritora, roteirista e produtora. Formou-se em Cinema na FAAP e especializou-se em roteiro na UCLA Extension. Autora de Polaris (ou ela não é daqui), livro adolescente que será publicado pela editora Flyve ainda no primeiro semestre de 2024, também possui contos publicados na Amazon e na antologia da Ópera Editorial. Giu roteirizou e dirigiu seis curta-metragens, sendo o seu principal foco as questões da infância e juventude, além disso possui outros projetos em desenvolvimento na produtora que é sócia-fundadora, a Bitola Cultural.

 

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A cobertura do 27º Mostra de Cinema de Tiradentes faz parte do programa Jovens Críticos que busca desenvolver e dar espaço para novos talentos do pensamento cinematográfico brasileiro.

Agradecemos a toda a equipe Universo produção e a ATTI Comunicação e Ideias por todo o apoio na cobertura do evento.

Equipe Jovens Críticos Mnemocine: 

Coordenação e Idealização: Flávio Brito

Produção e Edição: Bruno Dias

Edição: Davi Krasilchik, Luca Scupino, Fernando Oikawa e Gabriela Saragosa

Edição Adjunta e Assistente de Produção: Davi Krasilchik e Rayane Lima