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“Na Água” (2023) | 73º Festival de Berlim

Por Taline Caetano

O mar é um dos maiores mistérios que podemos enxergar e nos aproximar, seja por sua grandeza e majestade, seja pela sua imprevisibilidade e força.

Estar à beira-mar pode trazer uma sensação de insignificância ou de impotência. Independente da sensação, ele tem esse poder de causar grandes impactos a seus observadores.

Na Água (mul-an-e-seo) de Hong Sang-Soo mostra a tentativa criativa de um jovem ator chamado Seoung em seu primeiro filme como diretor. Ele leva uma amiga atriz e um fotógrafo para gravarem um curta-metragem no litoral, passando alguns dias juntos na praia e em uma casa de veraneio. Nestes dias, o jovem diretor se vê perdido, sem inspiração, enquanto os dois amigos aguardam por mais explicações do que será o tal filme que farão juntos.

Em meio a caminhadas no mar e conversas sobre suas vidas e percepções, o diretor percebe uma jovem mulher catando lixo na areia da praia, encontrando nela uma inspiração para seu filme.

No filme de Christian Petzold, Afire (Rotter Himmel), Leon, um escritor amador, vai com o amigo Felix para a casa de férias de seus pais na tentativa de terminar seu novo livro. Ao chegar no local, eles são surpreendidos por uma jovem mulher, amiga da mãe de Felix que também passará alguns dias lá.

Em ambos os filmes, os personagens principais querem inspiração para suas obras, sendo eles jovens artistas com muitas dúvidas e inseguranças. É muito impressionante como cada diretor trata deste momento crucial de autodescoberta e criação de formas distintas, mas que se encontram na busca por algo desconhecido – sendo o mar grande representante disto. Além disso, como jovens homens com seus egos inflados, mas também com uma insegurança latente; tanto Leon quanto Seoung não entendem muito bem seus sentimentos, mas precisam buscar justamente neles o que querem dizer em suas obras.

Sendo assim, é muito bonito o movimento de tratar destas dúvidas como foi feito nestes filmes. O que é o artista sem suas dúvidas? E quais são as consequências de trazê-las à tona? Cada filme responde do seu jeito, mas sempre trazendo a força da natureza e de sua grandeza como um elemento presente e intrínseco -discussão relevante hoje em dia.

Biografia

Taline Caetano é formada em Cinema na FAAP. Tendo seu trabalho enfocado na Direção de Arte, sempre busca explorar a relação entre a narrativa e a imagem. Entrou na Mnemocine em 2023, ao cobrir a Berlinale e a Mostra Kinoforum do mesmo ano.

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