Por Felipe Palmieri
Na primeira sexta-feira do É Tudo Verdade 2024 (5) o jornalista Amir Labaki, fundador e curador do festival, introduziu a série de seminários que compunham uma espécie de “curso relâmpago sobre a produção de documentários”. O primeiro destes, ministrado logo em seguida, contou com a presença de Eugenio Puppo e de Cédric Fanti, com mediação do cineasta Francisco César Filho, abordando o tema Projetos de desenvolvimento para filmes documentais.
Eugenio Puppo é diretor, produtor, montador e curador, tendo participado da fundação da Heco Produções em 1994. É conhecido pelo trabalho em longas-metragens como Sem Pena (2014), Banquete Coutinho (2019) e O Bom Cinema (2021), além de curtas-metragens e séries de TV. Cédric é companheiro de trabalho de Puppo na Heco Produções, atuando principalmente como coordenador de pós-produção e montador, creditado em trabalhos como A Última Praga de Mojica (2021) e República dos Juízes (2023), nos quais também divide a função de diretor.
A conversa se iniciou com ambos os seminaristas delimitando as diferenças entre projetos para documentário e para ficção, principalmente no âmbito orçamentário. Deram enfoque ao aspecto mais livre que o projeto de desenvolvimento documental permite, pois o produto final está sempre mais ligado à filmagem e a montagem em si que ao planejamento prévio. No entanto, ressaltaram que a maior parte dos editais ainda exige que o filme finalizado siga diretrizes estabelecidas desde o estágio embrionário, quando se tratava apenas de uma descrição no papel aprovada para realização.
Sobre a mudança no processo do documentário, Puppo salientou o papel da pesquisa como força motriz. “A pesquisa dá o respaldo para a mudança”, diz o cineasta, a descrevendo como uma constante do início ao fim do documentário. Fanti também colabora com uma descrição da experiência na montagem do longa Topo, ainda inédito, que evoluiu de forma “errática e diversa”. Indo de estudo oceanográfico à filme sobre a tragédia de São Sebastião, esse projeto vivenciou uma gradação emblemática de mudanças passíveis de serem acometidas a um projeto documental.
Entrando em uma tangente sobre a montagem em si, os seminaristas frisaram a importância de mostrar o filme a outras pessoas durante a sua edição, pois nas palavras de Puppo, “uma obra é uma obra pública”. Tal ideia, voltando ao tema dos projetos de desenvolvimento, os levou a falar da importância de se incluir, criativamente, a equipe desde o início – principalmente a produção e a montagem, conforme Puppo também ressaltou.
Com toda a experiência da dupla em projetos para editais, o restante do seminário foi dedicado a algumas dicas para aqueles que desejam também se aventurar na produção. “Saiba sempre onde você está pisando com os editais”, “esteja sempre com o projeto próximo de você, mesmo sem um edital aberto para inscrevê-lo”, “faça seu projeto ser embasado o suficiente para não ter como dar errado”, são algumas das falas que Puppo e Fanti compartilharam com os presentes, evitando fórmulas mágicas para o sucesso, mas enfatizando certos passos essenciais para alcançá-lo.
Biografia
Felipe Palmieri é formado em Cinema pela FAAP. É fascinado por todas as pluralidades e sutilezas que a linguagem cinematográfica é capaz de abrigar, e pelas infinitas perspectivas que foram e serão materializadas através disso.
_
A cobertura do 29º Festival Internacional de Documentário É Tudo Verdade faz parte do programa Jovens Críticos que busca desenvolver e dar espaço para novos talentos do pensamento cinematográfico brasileiro.
Equipe Jovens Críticos Mnemocine:
Coordenação e Idealização: Flávio Brito
Produção e Edição: Bruno Dias
Edição: Davi Krasilchik, Luca Scupino, Fernando Oikawa e Gabriela Saragosa
Edição Adjunta e Assistente de Produção: Davi Krasilchik e Rayane Lima
Share this content:
Publicar comentário