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Seminário Produção Audiovisual – É Tudo Verdade 2024

Por André Quental Sanchez

No dia 5 de abril de 2024, o cineasta, roteirista e produtor Marcelo Machado foi o convidado de um dos seminários que marcou o início do festival É Tudo Verdade 2024. A palestra, mediada por Francisco César Filho – diretor, produtor e curador de festivais como a mostra EcoFalante de Cinema Ambiental -, ocorreu no Instituto Moreira Salles, em São Paulo, e teve como tema a “Produção Audiovisual”. O seminário fez parte de um ciclo de encontros sobre a concepção de documentários desde a ideia inicial até o seu lançamento.

Marcelo Machado nasceu em 1958, se graduou em Arquitetura e Urbanismo pela FAUUSP, e iniciou a sua carreira no cinema experimental. Em seguida, fez publicidade por dez anos e antes de passar aos documentários, pelos quais vive há vinte anos. Machado brinca que “pulou no mar sem saber nadar”, mas se encontrou com o passar dos anos.

Marcelo iniciou a sua apresentação definindo o documentário como uma esfera muito variada. “Devemos ter em mente o que está acontecendo no mundo”, explica ele. Seria a partir dessa observação que viriam as ideias, a militância, tudo que nos movimenta.

Em sua explicação sobre o gênero documental, Marcelo citou Bill Nichols, um dos maiores estudiosos sobre o assunto, e definiu o gênero em três categorias pessoais. 

Ele explicou o documentário Aquente, em que a equipe se permite “voltar para a espontaneidade”, –  Francisco César usou como exemplo a realização de Glauber Rocha em seu polêmico “Di-Glauber” -; o documentário planejado, melhor pautado por logísticas prévias, e o documentário de arquivo, que utiliza um material já disponível e armazenado. 

Marcelo reforça a pesquisa como uma parte essencial para qualquer produção do gênero, apesar de não ser uma etapa rápida ou fácil. “Um documentário bem preparado ganha emoção, não cansa”, afirma ele.

O cineasta ainda contou histórias da produção de filmes como Villa Lobos em Paris (2023), Tropicália (2012) e Com a Palavra, Arnaldo Antunes (2018). O resgate dessas obras levantou questões como a de direitos autorais, em que enfatiza que mesmo no uso de fotos anônimas: “tem que se fazer todos os esforços para encontrar o dono”. 

Machado nunca deixa de destacar o papel do produtor como alguém que sempre resolve problemas e não se afeta com adversidades. “O produtor tem que se divertir e apresentar gosto pelos problemas”. 

Ele finalizou o seminário destacando o papel do bom documentarista. “Ele deve sempre acreditar em outra opção”. Na gravação documental, diversos imprevistos podem ocorrer e é necessário ouvir o outro. “O silêncio é algo incrível”, Marcelo coloca. “Dele pode sair um material ainda mais rico, estimulando o entrevistado a sempre buscar uma resposta”.

Biografia

André Quental Sanchez é graduado em cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), onde roteirizou e dirigiu um curta-metragem. Tem muito interesse na área do som, crítica e roteiro e gosto pelo campo cinematográfico desde que se enxerga como gente. Atualmente está fazendo pós-graduação em roteiro no Senac Lapa Scipião e pretende seguir vida acadêmica. 

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A cobertura do 29º Festival Internacional de Documentário É Tudo Verdade faz parte do programa Jovens Críticos que busca desenvolver e dar espaço para novos talentos do pensamento cinematográfico brasileiro.

Equipe Jovens Críticos Mnemocine: 

Coordenação e Idealização: Flávio Brito

Produção e Edição: Bruno Dias

Edição: Davi Krasilchik, Luca Scupino, Fernando Oikawa e Gabriela Saragosa

Edição Adjunta e Assistente de Produção: Davi Krasilchik e Rayane Lima

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