Por: André Quental Sanchez
Uma série de produções literárias e cinematográficas já explorou a questão dos alter-egos, geralmente um fraco e outro forte que se complementam para a criação de um ser mais desenvolvido. Dr. Jekyll e Mr. Hyde, Bruce Wayne e Batman, Walter White e Heisenberg: agora em Hit Man conhecemos Gary e Ron, alter-egos que enriquecem o filme com a discussão sobre máscaras e duplos e outras reflexões apresentadas pelo próprio protagonista em suas aulas.
Adquirido pela Netflix por vinte milhões de dólares, após sua primeira sessão em setembro deste ano durante o Festival de Veneza, o novo filme de Richard Linklater apresenta Glen Powell em um definitivo ponto de virada em sua carreira como ator, acompanhado por Adria Arjona em um papel significativo, após o filme Morbius, de Daniel Espinosa, ter desperdiçado seu talento.
Linklater narra a história de Gary Johnson, um professor universitário de psicologia e investigador da polícia de Nova Orleans que começa a fingir ser um matador de aluguel para prender as pessoas que o contratam. Com o tempo Johnson ganha um gosto por este trabalho de falso matador, encarnando um personagem diferente a cada emboscada, que lhe permite libertar uma personalidade reprimida e construir alguém mais forte do que realmente se enxerga.
Durante uma emboscada, Gary – ou Ron, como se chama seu personagem em tal momento – conhece e se apaixona por Madison, uma mulher que tenta contratá-lo para matar o marido. Gary mantém contato e cria uma relação com ela sempre por meio de seu duplo Ron, um alter ego mais forte e confiante que se mistura aos poucos com a sua própria personalidade.
Ao longo do divertido roteiro de Linklater, acompanhamos esta grande história de amor e o crescimento tanto emocional quanto físico de Gary, melhorando a postura e até mesmo o modo de andar por conta da influência de seu alter-ego. Entre momentos de ironia, paralelos entre as aulas de Gary sobre psicologia e sua vida como Gary/Ron e um casal principal que apresenta uma química raramente vista em produções atuais, o diretor constrói uma história simples, mas cativante.
Nas mãos de qualquer outra pessoa o filme poderia perder todo seu potencial, mas Linklater sabiamente constroi um roteiro contido, com foco na história de amor e na evolução da identidade de Gary. é no conflito do terceiro ato, entretanto, que o filme realmente mostra a que veio, recheado de ironias, twists e momentos cômicos que levam o público a rir mesmo em passagens sérias, grande parte por conta da performance de um elenco que parece, inclusive, ter se divertido durante a produção do filme.
Hit-Man, dirigido por Richard Linklater e estrelando Glen Powell, Adria Arjona e Austin Amelio, foi visto no dia 09 de outubro de 2023 em uma sessão lotada do Festival do Rio. O filme foi comprado pela Netflix após sua primeira sessão no Festival de Veneza deste ano.
Biografia
André Quental Sanchez é graduado em cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), onde roteirizou e dirigiu um curta-metragem. Tem muito interesse na área do som, crítica e roteiro, tendo interesse e gosto pelo campo cinematográfico desde que se enxerga como gente. Pretende seguir vida acadêmica no futuro.
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A cobertura do 25º Festival Internacional do Rio faz parte do programa Jovens Críticos que busca desenvolver e dar espaço para novos talentos do pensamento cinematográfico brasileiro.
Equipe Jovens Críticos Mnemocine:
Coordenação e Idealização: Flávio Brito
Produção e Edição: Bruno Dias
Edição: Davi Krasilchik e Luca Scupino
Edição Adjunta e Assistente de Produção: Rayane Lima
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